São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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a mulher dos viajantes

por Cristina Zahar

CRISTINA ZAHAR
FOTO ANA OTTONI

A professora Ana Maria Belluzzo viajou durante cinco anos por mais de 4.000 imagens sobre o Brasil. Elas foram feitas pelos europeus que visitaram o país entre os séculos 16 e 19. O resultado dessa pesquisa gerou a exposição "O Brasil dos Viajantes", que ficou dois meses em cartaz no Masp, no final do ano passado, e o livro homônimo que acaba de ser lançado. Satisfeita com a repercussão de seu trabalho, que atravessou o Atlântico para ser exibido em Portugal, ela acha que esgotou o assunto viajantes. Assumindo seu lado Sherlock, Ana Maria quer investigar agora questões relativas ao século 20

Depois do sucesso do projeto "O Brasil dos Viajantes", qual deverá ser a sua próxima pesquisa?
"O Brasil dos Viajantes" consumiu cinco anos de trabalho. Gerou um livro, uma exposição no Brasil e em Portugal, uma série de vídeos de dois minutos cada, lançados na TV junto com a exposição, e um documentário produzido pela TV Cultura. Houve um encontro acadêmico interdisciplinar sobre o assunto, que deve produzir outro livro. Ainda assim tenho sido consultada sobre o assunto. Mas tenho outros interesses. O grande prazer da pesquisa é a investigação, um lado meio Sherlock. Quero tratar agora as questões relativas à segunda metade do século 20. Ele se apresentou sob muitas caras para a minha geração.
Qual a participação da USP no projeto "O Brasil dos Viajantes"?
Dou aulas de história da arte na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Estava fazendo a pesquisa dos viajantes a fim de lançar um livro e montar uma exposição. O financiamento veio do CNPq e do prêmio BID/USP. Quando já possuía um inventário das obras, apresentei o projeto à Odebrecht.
Qual o custo total do projeto?
Os custos da pesquisa correram por conta da USP e do CNPq. A Odebrecht entrou na transformação da pesquisa em produto, ou seja, em livro e exposição. Ela financiou viagens ao exterior para o exame de obras e a fase de execução. Os valores veiculados (US$ 4 milhões) equivalem apenas à fase final, não aos cinco anos de pesquisa.
Quantas pessoas visitaram a exposição em São Paulo?
Sessenta mil pessoas foram ao Masp em dois meses de exibição. Ficamos satisfeitos. Parece que a história cultural do Brasil interessa às pessoas.
Como foi a receptividade da exposição em Lisboa?
Foi muito interessante. O público português tem uma relação de memória com o Brasil. Por isso, esperava ver a presença dos portugueses no país. Acho que eles não se encontraram na exposição na medida em que desejariam. Isso está ligado ao fato de o português ser mais pragmático. Ele tinha objetivos extrativos, fazia as cartas e navegava. Não deixou muitas marcas quanto à representação visual. Ainda assim, a presença foi ótima: 30 mil pessoas viram a exposição.
Como foi a seleção de imagens para a exposição e o livro?
No total, examinamos mais de 4.000 imagens de 300 autores. O objetivo foi encontrar as imagens feitas sobre o Brasil, identificar os autores e saber onde estavam os originais. O repertório serviu de base para uma seleção dos casos exemplares, que tinham ao mesmo tempo interesse estético, cultural, histórico e até mesmo zoológico, botânico. Foi este o critério da exposição. Minha preocupação foi contextualizar a imagem.

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