São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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a mulher dos viajantes

CRISTINA ZAHAR

O que você acha do atual resgate da cultura brasileira?
Sempre existiu um resgate. Há épocas em que a mídia não se interessa por isso, o que não quer dizer que não haja pessoas dedicadas a esse trabalho. Há uma disposição nova para se observar as coisas do Brasil. A cabeça das pessoas mudou. Elas podem ver a mesma coisa de um jeito novo ou podem recortar o mundo em novos recortes. O que é possível nesta segunda metade do século 20 é uma releitura do mundo. O Brasil passou a interessar, o que está ligado a um certo esgotamento das matrizes internacionais. "O Brasil dos Viajantes" situa em outra chave essa questão da nacionalidade porque aborda a interculturalidade. Resgatamos essas imagens sem ufanismo.
Como você explica a divisão dos três volumes do livro?
O primeiro volume se chama "O Imaginário do Novo Mundo" e está sob a égide da imaginação, do confronto do mundo antigo com o novo e corresponde ao século 16. Este primeiro volume inclui ainda as representações que começaram a ser feitas a partir da observação. É o momento das imagens dos holandeses. O segundo volume trata das relações entre arte e ciência, de como a ciência dependeu do desenho para configurar as espécies botânicas e animais. O terceiro corresponde às várias acepções da noção de paisagem. Ela surge como um grande tema. Coincide com a vinda da família real ao Brasil e com a abertura dos portos às nações amigas. Nesse momento, a paisagem se torna um gênero valorizado.
Por que o livro não é vendido?
Fez parte do acordo com a Odebrecht que a primeira edição seria distribuída segundo os critérios da empresa. Ela distribuiu o livro a bibliotecas, escolas e museus. Havendo interesse, há sempre a possibilidade de uma segunda edição dentro de um sistema comercial. É uma pena que nem todas os interessados possam ter acesso ao livro. São 4.500 exemplares com duas edições, em português e inglês.

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