São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Latino sem preconceito

padrasto haviam ficado em Juiz de Fora. Morar com o pai (que havia saído de casa quando Latino tinha 11) não foi uma boa idéia. "Eu só pensava em música, ele dizia que aquilo não ia dar em nada. A gente brigava, caía na porrada.
Expulso de casa, foi parar na favela, no Engenho de Dentro, com uma tia. "Aí tudo começou a acontecer. Parecia que Deus queria castigar meu pai pelo que ele fez comigo.
Dançando nas pistas da zona norte, foi visto pelo produtor MC Guto, que o convidou a participar de uma coletânea independente de funk. Nessa época, compunha em inglês.
Três coletâneas independentes depois, mudou de tática. Seja por inclinações nacionalistas ou influência do novo produtor, o DJ Marlboro, Latino adotou o português. "Vem Amor, que saiu em coletânea da gravadora BMG de 93, abriu a fase "brasileira. "Comecei a fazer show, rolava um dinheirinho.
"Me Leva veio a seguir. Com produção do DJ Marlboro e Humberto Mello, a faixa entrou em "Funk Melody, álbum lançado pela Warner. "O pessoal da Warner não deu valor à música. `Parece sertanejo, não tem nexo', diziam. Mas eu sabia que ia pegar tanto o público funkeiro quando o romântico.
"Cara humilde Em 94, o sucesso saiu dos programas de funk e estourou na programação das estações mais populares. Na TV, foi convidado para participar do programa da Xuxa.
Foi o seu passaporte para a "zona sul. "Antes de eu aparecer na TV, por a música ser meio black, achavam que quem cantava era um crioulo feio. Foi uma surpresa. O cara é branco, o cara dança, o cara é simpático, o cara é humilde! Humildade à parte, Latino acredita que, agora, "os filhos das elites o apóiam. "A zona sul está me consumindo. Acabou a discriminação.
Deixar de ser brega tem seu preço: o cantor está sendo rejeitado pelos ex-colegas de noite. "O pessoal do funk no Rio tem inveja do meu sucesso. Acham que estou desprezando." Para os invejosos,

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