São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995 |
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Crise na TV Cultura cancela produções e muda programação
ARMANDO ANTENORE
No último dia 19, o governo paulista decidiu cortar em quase 40% as verbas que iria destinar durante o ano à Fundação Padre Anchieta, responsável pela administração da emissora. Para justificar o corte, o governador Mario Covas invocou o passado. Disse que seu antecessor, Luiz Antonio Fleury Filho, deixou os cofres públicos em ``situação lamentável" e que só resta às instituições do Estado aceitar os novos tempos. A falta de dinheiro já causou a demissão de 250 dos 1.671 funcionários que recebem pela Fundação Padre Anchieta. Mais 150 dispensas devem acontecer logo depois que Cunha Lima tomar posse como presidente da entidade. É apenas uma consequência do arrocho. A outra recai sobre o telespectador. Desde o final de maio, a programação da Cultura -que alcança 14 Estados brasileiros- sofre alterações consideráveis. Os telejornais que a emissora exibe nos fins-de-semana somam agora 90 minutos de duração. Perderam, juntos, meia hora. O ``Metrópolis", programa de informações culturais, está entrando no ar de segunda a sexta-feira. Deixou as noites de sábado. Cancelaram-se, ainda, as compras de documentários estrangeiros para o ``Planeta Terra" e de filmes para as sessões ``Cine Brasil" e ``Cem Anos de Cinema". Brevemente, as transmissões diárias da emissora irão começar às 9h -e não às 6h45, como de hábito. O encerramento da programação acontecerá por volta da Oh30 -em vez de 1h. A Cultura interrompeu também a produção de quatro séries que pretendia lançar até dezembro: ``Historinhas do Brasil", ``No Reino das Águas", ``Escolinha de Esportes" e ``PAM - Projeto de Alfabetização Musical". Todos os programas teriam como alvo jovens e crianças -justamente o público que, desde 1992, vem garantindo à emissora o terceiro lugar em audiência na Grande São Paulo das 19h às 20h30. Desperdício Se o telespectador perde com a crise da Cultura, o contribuinte não fica atrás. Há menos de um ano, a rede desembolsou US$ 730 mil para adquirir equipamentos de informática e refrigeração. Pretendia colocá-los, respectivamente, no departamento de jornalismo e em oito estúdios. Não os colocou e nem deverá fazê-lo tão cedo. Alega que precisa de US$ 332 mil para instalar tudo o que comprou. Os equipamentos, sem uso, se amontoam na sede da emissora, em São Paulo. É dinheiro do contribuinte que está escorrendo pelo ralo. Texto Anterior: Produtor de novela vira relógio de ponto Próximo Texto: TV busca saída na iniciativa privada Índice |
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