São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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TV busca saída na iniciativa privada

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Qual a saída para a crise da Cultura? Funcionários e diretores da rede têm a resposta na ponta da língua: buscar dinheiro junto à iniciativa privada. De que modo? Eis o problema.
A legislação brasileira não permite que TVs públicas transmitam anúncios como os das emissoras comerciais. Tolera apenas um tipo de publicidade: a ``menção institucional" ou ``apoio cultural".
São selos que estampam o nome de empresas e produtos. Em geral, aparecem durante seis segundos no início e no fim dos programas.
Hoje, 60% de tudo o que a Cultura exibe traz menções institucionais. O anunciante paga entre R$ 5 mil e R$ 30 mil por mês para vê-las no ar.
A emissora também capta recursos ``de fora" quando:
1) vende cópias em VHS dos programas que produz (``X-Tudo", ``À Mão Livre" e outros);
2) aluga para terceiros seus estúdios, equipamentos e o teatro paulistano Franco Zampari (que pertence à Fundação Padre Anchieta);
3) explora a marca ``Castelo Rá-Tim-Bum" em brinquedos e livros infantis;
4) faz vídeos de treinamento para empresas;
5) realiza programas em parceria com a iniciativa privada.
Comissões
No início do ano, a Cultura calculava que tais artifícios -incluindo a venda de menções institucionais- lhe renderiam aproximadamente R$ 3 milhões até dezembro.
A quantia corresponde a 5% dos R$ 60 milhões que a rede esperava gastar durante o período. Os R$ 57 milhões restantes sairiam dos cofres públicos.
Como o governo estadual decidiu liberar somente R$ 35 milhões, a emissora se impôs o desafio de dobrar os outros R$ 3 milhões.
Só que ainda não sabe de que maneira. Há propostas em estudo:
- Modificar o formato das menções institucionais, tornando-as mais sedutoras visualmente. A Cultura imagina que, assim, poderá atrair novos anunciantes.
- Criar boletins informativos de até três minutos para exibir entre um programa e outro. Ao longo de cada boletim, a rede pretende inserir selos com a marca de empresas ou produtos.
- Promover campanhas que estimulem o telespectador a doar dinheiro.
- Oferecer programas para o mercado internacional.
A emissora planeja, ainda, adotar uma prática muito comum em emissoras privadas. Quer incentivar a venda de menções institucionais pagando comissões para os vendedores.

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