São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cortes no orçamento paralisam área cultural

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

O corte de recursos para a Rede Cultura é apenas o aspecto mais visível da política de salvação dos cofres públicos empreendida pelo governador Mario Covas (PSDB).
Sob a alegada ameaça de falência do Estado, Covas mandou cortar gastos em todas as áreas. Mesmo que os cofres saiam ao final ilesos, muitas atividades sofrerão prejuízos difíceis de serem revertidos.
Apresentada como inevitável, a redução dos recursos foi implantada de forma acelerada, sem que houvesse planejamento ou definição de critérios. No caso da Rede Cultura, ligada à Fundação Padre Anchieta, os recursos caíram de R$ 57 milhões para R$ 35 milhões.
É possível especular sobre excesso de funcionários, subutilização dos equipamentos da rede, possibilidades de atrair a iniciativa privada. Especulações, por enquanto, porque nenhum levantamento ou estudo foi feito.
O próprio valor do corte foi definido arbitrariamente. São destinados R$ 35 milhões para a Rede Cultura, como poderiam ser R$ 30 milhões ou R$ 40 milhões -ou qualquer outro valor.
Situação semelhante atingiu a Secretaria de Estado da Cultura. Foi avisada de que poderia gastar apenas a metade de seu orçamento de R$ 70 milhões. Além disso, perdeu 70% de seu pessoal, ligados ao Baneser (empresa do Banco do Estado de São Paulo que fornecia mão de obra para órgão públicos). A secretaria está semiparalisada.
Nesses dois casos -e poderiam ainda ser citadas as secretarias da área social do Estado-, os cortes de despesa foram considerados inegociáveis, ainda que ao custo da paralisação de atividades, independente da importância dos serviços prestados. Em nome da racionalidade das contas públicas, foi determinado um corte irracional.
Projetos em andamento foram abandonados, funcionários experientes perderam o emprego -e, nas áreas culturais, é exatamente da experiência e da formação do pessoal que depende a qualidade dos serviços oferecidos.

Texto Anterior: TV busca saída na iniciativa privada
Próximo Texto: A OPINIÃO DE POLÍTICOS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.