São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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Sivam não resolve problemas da Amazônia

GUSTAVO KRIEGER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) não vai resolver os grandes problemas da região.
O projeto, orçado em US$ 1,4 bilhão e que deve começar a operar em dois anos, vai criar um banco de dados sobre a Amazônia. Para usar essas informações, o governo precisará modernizar sua estrutura na região.
O ministro Ronaldo Sardenberg, da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), reconhece que o Sivam é um ponto de partida para novas ações do governo na Amazônia.
Sardenberg, que coordena o Sivam, diz que ``com o aumento das informações em tempo real sobre a Amazônia, vai crescer na sociedade a demanda por ações do governo, exigindo que este atue com mais eficiência na região".
O Sivam vai repassar suas informações para diversos clientes do governo, incluindo os ministérios do Meio Ambiente, Justiça, Saúde e Agricultura, além da Polícia Federal e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).
O problema é que esses clientes não têm estrutura para transformar em ação as informações do Sivam.
Um estudo do Ibama diz que a Polícia Florestal precisaria de cerca de 3.000 agentes para controlar o desmatamento e as queimadas na região Amazônica. Atualmente, o Ibama tem menos de 50 fiscais para vigiar a floresta amazônica.
A Polícia Federal também avalia que terá de ampliar seus efetivos para trabalhar com as informações geradas pelo Sivam.
A falta de estrutura para aproveitar as informações do Sivam já gerou críticas ao projeto até dentro dos ministérios militares.
O general Thaumaturgo Sotero Vaz, ex-chefe do Comando Militar da Amazônia, declarou à Comissão de Defesa Nacional da Câmara que é mais importante criar estruturas para a Polícia Federal e Ministério do Meio Ambiente do que investir no Sivam.
Sardenberg diz que o governo não tem dinheiro para investir na proteção à Amazônia. O financiamento para o Sivam foi conseguido pelo consórcio de empresas que vai fornecer os equipamentos do projeto, liderado pela norte-americana Raytheon Company.
Segundo Sardenberg, a SAE espera que ``o Sivam permita que o governo erre menos em sua política na Amazônia".
O ministro da Aeronáutica, Mauro Gandra, que vai coordenar a implantação do Sivam, também admite que o programa será apenas uma ``ferramenta" para criar novas políticas públicas na região.
Gandra diz que ``a principal vantagem do Sivam em curto prazo será dar informações sobre a Amazônia que permitam ao governo reformular sua política de atuação na região".
O Sivam foi criado como parte de um projeto maior, o do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia). Esse sistema deverá centralizar as informações do Sivam e distribuí-las a clientes dentro do governo. Até agora o Sipam não saiu do papel, por falta de recursos.

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