São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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EUA sugerem que ozônio seja cancerígeno

ROB EDWARDS
DA "NEW SCIENTIST"

Além de provocar dificuldades respiratórias, o ozônio pode causar câncer. Pesquisadores dos EUA encontraram evidências sérias de que esse gás altamente reativo pode ser cancerígeno.
Estudo feito para o "Programa Nacional de Toxicologia do departamento de saúde dos EUA descobriu "algumas evidências de atividade cancerígena do ozônio" entre fêmeas de camundongos.
As que inalaram ar contendo 2.000 microgramas por metro cúbico de ozônio durante dois anos desenvolveram duas vezes mais tumores nos pulmões e brônquios do que as que não inalaram.
Aumentos menores dos índices de câncer foram constatados entre fêmeas expostas a 1.000 microgramas por metro cúbico.
Embora os mesmos índices de exposição a ozônio tenham produzido um aumento da incidência de câncer nos machos, a tendência era "menos marcante".
No Reino Unido, porém, a última revisão da exposição ocupacional ao ozônio feita pela HSE (sigla em inglês para Executiva de Saúde e Segurança), publicada este mês, não atribui grande importância aos resultados dos EUA, argumentando que eles "não demonstraram ser cancerígenos em ratos e camundongos machos, e apenas reações ambíguas em termos de tumores pulmonares entre camundongos fêmeas".
A HSE decidiu não classificar o ozônio como substância cancerígena e, na realidade, pretende abolir o limite atual de 200 microgramas por metro cúbico, em média, num prazo de oito horas diárias, para pessoas expostas ao ozônio.
Ao mesmo tempo, como o ozônio irrita dos pulmões, a HSE quer que o limite atual de exposição média por 15 minutos seja reduzido de 600 microgramas por metro cúbico para 400.
"Estudamos as evidências muito limitadas apresentadas no relatório norte-americano e consideramos que nosso novo limite proposto é adequado", disse um porta-voz da HSE.
Contrastando com essa posição, o comitê de assessoria científica do governo alemão para padrões de saúde ocupacional diz que as descobertas norte-americanas o convenceram a recomendar que o ozônio seja redefinido como "possível cancerígeno".
Em padrões que deverão ser publicados em julho, o comitê vai pedir que o limite de segurança ocupacional por cada oito horas vigente na Alemanha, de 200 microgramas por metro cúbico, seja reduzido, embora o comitê não pretenda recomendar um limite alternativo específico.
Devido à capacidade do ozônio de provocar dificuldades respiratórias em tais níveis, a diretriz de segurança adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 100 microgramas por metro cúbico -concentração muitas vezes excedida durante longos períodos ensolarados na Europa.
O ozônio é especialmente problemático durante o verão porque o gás é gerado pela ação da luz solar sobre os hidrocarbonos e os óxidos de nitrogênio presentes nos gases emitidos pelos carros.
Durante a onda de calor da primeira semana de maio, níveis de até 240 microgramas por metro cúbico foram medidos no Reino Unido e Alemanha.

Tradução de Clara Allain

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