São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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Hormônio pode indicar parto precoce

ABI BERGER
DA "NEW SCIENTIST"

Pesquisadores na Austrália dizem ter encontrado um vínculo entre o nível de um determinado hormônio, que circula no sangue das mulheres durante o início da gravidez, e a probabilidade de um eventual parto prematuro.
Até agora, os médicos pensavam que o parto prematuro era causado por acontecimentos ocorridos no final da gravidez.
Roger Smith e seus colegas do Hospital John Hunter resolveram examinar o problema desde o lado oposto e estudaram 485 mulheres grávidas de aproximadamente 16 semanas apenas.
Pesquisas já sugeriam que o nível de um hormônio, chamado CRH (sigla inglesa para hormônio liberador de corticotrofina), tinha alguma relação com a duração da gravidez, mas os resultados não eram conclusivos.
Os pesquisadores constaram um vínculo constante entre altos níveis de CRH no início da gravidez e parto precoce. Baixos níveis foram vinculados a partos tardios.
"Nossos dados claramente identificam o CRH como indício de quando terá início o trabalho de parto", diz Smith.
A equipe de Smith mediu a quantidade de CRH em circulação e o nível de uma proteína que se liga ao hormônio e o torna inativo. Eles descobriram que pouco antes do parto o nível da proteína ligadora cai, provocando um aumento na quantidade de CRH ativo.
Como essa mudança hormonal coincide com o início do trabalho de parto, os pesquisadores acham que pode ser o gatilho que o desencadeia. Mas o momento em que ocorre esse aumento de CRH ativo depende do nível de CRH presente no organismo da mulher nas fases anteriores da gravidez.
Seria muito útil poder contar com um aviso prévio da probabilidade de parto prematuro, pois permitiria que os médicos receitassem esteróides que ajudariam os pulmões dos fetos a se desenvolver.
Isso é importante, porque os bebês prematuros muitas vezes nascem com pulmões insuficientemente desenvolvidos.
Uma previsão precoce deste tipo também permitiria que os médicos usassem medicamentos para adiar o trabalho de parto, impedindo as contrações uterinas.
Os pesquisadores observam que o teste de CRH não seria capaz de prever todos os casos de parto prematuro, e que estão agora examinando outra amostragem de mulheres grávidas para determinar a precisão que o teste terá.

Tradução de Clara Allain

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