São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995 |
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Onze aviões abandonados se estragam em SP há 5 anos
VALMIR DENARDIN
As aeronaves eram usadas para a formação de pilotos em um curso mantido pelo Cenea (Centro Nacional de Engenharia Agrícola). O órgão foi extinto em 1990, durante o governo do ex-presidente Fernando Collor. Desde então, os 11 aviões estão fora de uso, guardados em dois hangares na antiga sede do Cenea, em uma fazenda de 5.170 hectares (área equivalente a 32 vezes o parque do Ibirapuera, em São Paulo). Em 1992, dois anos após a extinção do órgão, a fazenda foi repassada ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Mas os aviões continuam sob responsabilidade do Ministério da Agricultura. Técnicos do ministério estarão amanhã em Iperó para avaliar as condições do patrimônio que pertencia ao Cenea (veja texto nesta página). A Agência Folha apurou que as 11 aeronaves -três delas importadas dos EUA- estão avaliadas em cerca de R$ 1 milhão. Com esse dinheiro, seria possível pagar salário mínimo a 10 mil trabalhadores por um mês. Além dos aviões, laboratórios de ensaio e áreas de testes de máquinas agrícolas também estão abandonados. ``Estamos perdendo não apenas um patrimônio físico, mas também um grande patrimônio técnico", disse o engenheiro agrônomo e piloto Antonio Barbosa Moretti, 50, ex-coordenador da área de treinamento do Cenea. Segundo ele, seis das aeronaves estão em perfeitas condições de uso e o restante precisa de pequenos reparos para funcionar. Há cerca de um mês, ladrões entraram em um dos hangares, roubaram a hélice de um avião e os instrumentos de vôo de outro. Criado em 1975, o Cenea formou 1.085 pilotos agrícolas, mais de 600 coordenadores de aviação agrícola e 350 técnicos na área. O centro possuía o único curso público de piloto agrícola do país. Segundo Moretti, após o fechamento do Cenea foram abertos diversos cursos particulares. Os aviões agrícolas são utilizados principalmente para aplicar veneno contra pragas e adubo nas lavouras, combater incêndios em florestas e até para ``bombardear" nuvens com produtos químicos para provocar chuva. No Brasil, existem atualmente 750 em operação, principalmente em plantações de arroz irrigado no Rio Grande do Sul e em grandes lavouras de soja no Centro-Oeste. Texto Anterior: Ray Charles leva 150 mil a parque Próximo Texto: `Troca de ministros' atrapalhou Índice |
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