São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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Um flagelo de 3º Mundo

MARIA ODETE ESTEVES HILÁRIO

O que deixou de ser preocupação nos países desenvolvidos continua sendo um problema de saúde pública em países em desenvolvimento como o Brasil, nos quais o aparecimento de febre reumática é de aproximadamente 20 milhões ao ano.
É uma doença que acomete tanto meninas como meninos predominantemente na faixa dos sete aos 14 anos de idade. Uma de suas características, e também motivo de grande preocupação, é o comprometimento cardíaco que ocorre em aproximadamente 35% dos indivíduos com febre reumática e pode levar ao óbito ou à incapacitação do paciente na idade adulta.
Acreditamos que tenha havido uma diminuição no número de casos, principalmente nos últimos 15 anos. Entretanto, a febre reumática continua sendo a principal causa de doença cardíaca adquirida na criança, no adolescente e no adulto jovem.
Dados do Ministério da Saúde mostram que anualmente seis milhões de indivíduos em nosso país apresentam infecção de garganta pelo estreptococos, que é o agente responsável pela febre reumática. Destes, aproximadamente 20 mil evoluem para febre reumaticados, dos quais um terço resultará em cardiopatia reumática crônica.
Isso significa que, a cada ano, 20 mil novas crianças são acometidas por essa doença e em torno de 6.000 desenvolvem problemas cardíacos, que em muitos casos farão com que estes indivíduos na idade adulta tenham sérias limitações para o trabalho e até mesmo para as atividades diárias básicas.
As condições socioeconômicas e a falta de informação da nossa população, assim como a precária assistência médica em diversos locais de nosso país, são fatores determinantes da alta frequência da febre reumática no Brasil.
Em 1994 os gastos do Estado (Brasil) com os 28.654 pacientes com febre reumática aguda ou cardiopatias crônicas pela doença foram da ordem de US$ 65 milhões, tendo sido registrados 864 óbitos nesse período.
Esses dados são lamentáveis, uma vez que a febre reumática é uma doença de causa conhecida e prevenível. De cada cem crianças com infecção de garganta pela bactéria Streptococcus beta hemolítico, três desenvolveram febre reumática.
O tratamento adequado dessas infecções aliado ao esclarecimento da população sobre a febre reumática poderiam reduzir drasticamente esses números e melhorar as condições de vida de milhares de brasileiros.

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