São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995 |
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Cavallo sofre acusação de enriquecimento ilícito
SÔNIA MOSSRI
A acusação abala ainda mais a frágil situação de Cavallo no governo Menem. O ministro declarou, em 89, a compra de um apartamento de 350 metros quadrados, na luxuosa avenida Libertador, em Buenos Aires, por US$ 233.800. O valor de mercado, na ocasião, era superior a US$ 500 mil. Atualmente, uma consulta aos anúncios classificados dos jornais mostra que a cotação de mercado do imóvel superaria US$ 750 mil. O ministro disse que a compra do apartamento ``é uma coisa que está absolutamente em ordem". A acusação ocorre no momento em que Cavallo desenvolve uma campanha contra a sonegação de impostos. Recentemente, ele disse a empresários que estava disposto a pôr na ``cadeia" os sonegadores. O deputado federal Jorge Benedetti, da UCR (União Cívica Radical), oposição ao governo, disse que entrou com ação contra Cavallo porque suspeita que a subavaliação do imóvel esteja relacionada à impossibilidade do ministro de compatibilizar o valor real com os rendimentos declarados ao fisco. Benedetti avisa que isto integraria um ``processo de evasão fiscal da Fundação Mediterrânea" -órgão de estudos econômicos presidido por Cavallo, do qual faz parte quase toda a equipe do ministro. A edição desta semana da principal revista semanal argentina, ``Noticias", dedica sete páginas ao assunto, que também é tema da capa: ``A Moral de Cavallo". Conforme ``Noticias", em 93, em ação sobre a mesma acusação, a Dirección General Impositiva, semelhante à Receita Federal no Brasil, respondeu à Justiça que os elementos eram ``insuficientes". Com isso, o caso foi arquivado. Segundo a revista, o juiz encarregado da ação, Héctor Acuña, foi promovido a desembargador logo depois de não acolher a denúncia contra Cavallo. Nenhum integrante do governo Menem saiu ontem a público para defender o ministro da Economia. Texto Anterior: A imprensa e a crise Próximo Texto: 'Liquidação' de estoques atrai 45 mil Índice |
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