São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O dia do PESADELO

LARISSA PURVINNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Falta de tato ou excesso de vontade de agradar pode transformar o 12 de junho no Dia Internacional do Mico.
A estudante de marketing Ana Cláudia Valpereiro Cintra, 20, estava no meio de uma roda de amigos quando ganhou um pacote ``cheio de fitas" do namorado.
``Esperava um ursinho. Quando abri, dei de cara com uma cinta-liga preta. Não tive nem reação. Todo mundo riu."
Sua amiga Daniela Ferrari, 17, fez pior. Ela deu para o namorado uma caixa com duas cuecas samba-canção. Detalhe: a família do rapaz estava ao lado.
Adriano da Silva, 22, foi outro que teve que aguentar gozação. No 12 de junho de 89, recebeu um buquê de flores da namorada com quem tinha brigado.
O problema foi que ela mandou o presente para o trabalho de Adriano. ``No meu setor só tinha homem. Ficaram me alugando."
As faixas com frases românticas também causam problemas. Luciana Castilho, 21, sabe disso.
``Uma vez um namorado meu botou uma faixa no muro da minha casa. Meu pai não gostava dele. Foi lá e arrancou a faixa."
Essa não foi a única vez que Luciana passou por uma situação difícil no dia 12 de junho.
Em 94, ela deu para o noivo um arranjo de flores para ser colocado na mesa do escritório.
``Encontrei as flores na salinha da bagunça. Tirei a planta e joguei o vaso no chão".
Seu noivo, João Carlos Leite, se defende. ``Aquelas flores iam ficar inadequadas lá. Ia ter que explicar para todo mundo."
Alessandra Coutinho, 20, foi outra que pagou um micão no dia 12. Ela estava apaixonada por um garoto e resolveu encostá-lo na parede.
``Mandei um buquê de flores com um cartão onde estava escrito: ``na vida a dois, nem tudo são flores, mas a gente pode tentar".
A estratégia deu errado. ``Fiquei cinco dias ao lado do telefone e ele não ligou."
Para completar, a garota ligou para o menino para saber se ele tinha recebido o presente. ``Ele disse que tinha perdido o meu telefone. Foi horrível", diz.
Mas as surpresas nem sempre são um desastre total. Luciana Salomão, 18, baterista da banda Blue Angel, se preparava para tocar em um dia 12.
Quando estava chegando no bar ouviu acordes de ``Living Loving Maid", do Led Zeppelin, sua música preferida.
``Pensei: quem é o idiota que já está tocando minha música? Quando entrei, tinha uma faixa escrito ``Luciana, eu te amo". Morri de vergonha, mas gostei."
Além das surpresas, outra fonte de chateação são os programas típicos de namorados, aqueles que todo mundo resolve fazer.
O estudante Alexandre, 20, que prefere omitir o sobrenome, resolveu comemorar a data em um motel. ``Estava sem dinheiro e escolhi um baratinho. Era domingo, achei que estaria vazio."
Ficou das 16h às 18h com o carro embaixo do sol esperando por uma suíte. Depois de três horas na suíte, ligaram avisando que o período já havia acabado.
Alexandre estava certo de que ainda tinha direito a mais uma hora. ``Disseram que no Dia dos Namorados era diferente."
A VJ da MTV Tatiana, 17, diz que procura fugir do ``rush" da data. ``É melhor fazer coisas diferentes. Ir ao Playcenter, por exemplo, é o máximo. Você se diverte, sem ficar esperando mesa em restaurante."

Texto Anterior: Juliana Hatfield sofre colapso depois de show
Próximo Texto: Icebergs nascem na Antártida ou nas geleiras do oceano Ártico
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.