São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995 |
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Estudantes comuns viram heróis da rede
MARCELO PAIVA
O neguinho não é qualquer um, mas Jerry Yan, um dos criadores do ``Yahoo". Você sabe o que é o ``Yahoo"? Quando criaram o WWW, que fez de todos computadores e vias disponíveis um único e completíssimo banco de dados, realizando a idéia de rede e possibilitando até a transmissão de fotos e som, ninguém pensou na hipótese de criar um menu que facilitasse a vida dos usuários comuns como você, eu, Baby e Pepeu. Por exemplo: se quisesse acessar um provedor, a USP, a Nasa, o Vaticano, o Cartel de Medellín ou o Café Photo, eu precisava ter o endereço completo e confiar em menus incompletos. Há um ano, dois estudantes de engenharia eletrônica daqui de Stanford, Jerry Yan, 25 e David Filo, 28, queriam provar aos amigos que a net era bacana. Aproveitaram que o orientador estava de férias e criaram o ``Yahoo" (que lembra o grito de um surfista descendo um calhau), um menu por assunto. Nada foi feito por dinheiro, mas para incluir colegas na net. Foi um sucesso. De boca em boca, passou a ser utilizado por quase todos que surfam na rede. Segundo Jerry, ``era como se a biblioteca, finalmente, tivesse contratado um bibliotecário". Em fevereiro deste ano, entraram oficialmente para a página do Netscape, programa mais utilizado por quem acessa o WWW. Os rapazes viraram astros da rede. São acessados por mais de 2 milhões de usuários por dia (mais que a ``Playboy"). Têm catalogados 42 mil diretórios. Pelo ``Yahoo", aprende-se a montar uma bomba atômica. Os milicianos que explodiram o prédio em Oklahoma City aprenderam fazer a bomba pelo ``Yahoo", o que acendeu a discussão no Congresso americano de censura da rede. Os dois receberam ofertas milionárias da Apple, Microsoft e outras e são requisitados para entrevistas e que tais. O próprio Jerry, um estudante universitário típico, admite que ``criamos algo maior que o criador". Hoje, decidiram fundar a ``Yahoo Corporation", que proverá as Páginas Amarelas da rede. E é tudo garotão, como eu, você, Baby e Pepeu, o que prova que a eletrônica pode redistribuir o capital disponível no mundo. Chega de te encher com essa história. Deixo-o agora em paz, e vou curtir umas férias numa ilha do Pacífico. Mas você tem a coluna da Maria Ercilia para se deliciar. ``Hasta la vista, compañero!" MARCELO RUBENS PAIVA está em San Francisco como bolsista da Knight Fellowship, na universidade de Stanford. O colunista está de férias e volta a escrever no início de agosto. Texto Anterior: 'Não ganhei nada e fiz papel de boba' Próximo Texto: Luis Fernando Souza Pinto, 15 São Paulo, SP Índice |
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