São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Verba de campanha gera divisão no PT

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A divisão da corrente petista ``Hora da Verdade", liderada nacionalmente pelo deputado estadual paulista Rui Falcão, envolve, além de divergências políticas, suspeita de ``malversação de fundos" da campanha derrotada de José Dirceu ao governo de São Paulo, em 94.
Texto que circula no PT paulista e que foi obtido pela Folha mostra o peso do episódio na divisão da tendência, que detém hoje a fatia maior dos postos de direção do PT.
Respondendo a carta de Valter Pomar, secretário de Comunicação do PT paulista e líder da dissidência da ``Hora da Verdade", Falcão diz que Pomar ``...difundiu insinuações a respeito de suposta malversação de fundos de campanha, tentando inculpar um companheiro nosso para levá-lo à comissão de Ética do DR-SP".
Falcão assumiu assim a defesa de Silvio José Pereira, seu homem de confiança e tesoureiro da campanha de José Dirceu. Pereira foi alvo de um pedido de Pomar para instalação de comissão de ética.
Na resposta a Falcão, Pomar diz que ``...não poderia acobertar ou engavetar denúncias, especialmente contra membros da Hora da Verdade".
Pomar diz ainda que Pereira ``mentiu, sonegou informações e descumpriu informações, num episódio que envolvia suspeitas de má administração e malversação dos recursos partidários".
O pedido de Pomar foi embasado na suspeita de que Pereira teria favorecido a empresa Instalsom, contratada para cuidar da infra-estrutura dos eventos do partido durante a campanha eleitoral.
Pereira foi acusado de ter relações com a empresa World, que, por sua vez, seria ligada à Instalsom. Na representação contra o tesoureiro, foi citado que artistas foram aconselhados pela equipe de Pereira a cobrar pela participação em comícios petistas, mesmo que houvesse a disposição de subir ao palco gratuitamente.
Pomar confirmou que fez a representação, mas não quer comentá-la. ``Isso é um assunto interno", afirmou. O pedido de Pomar e outro semelhante feito pelo jornalista e militante petista Gilberto Maringoni foram recusados pela Executiva do PT paulista. Pomar e Maringoni, no entanto, ainda podem recorrer da decisão.
Pereira não respondeu às ligações da reportagem feitas ontem.
Falcão, vice-presidente nacional do PT, condicionou o ``abalo no relacionamento" com Pomar a uma ``retificação" do ex-aliado.
Ontem, Falcão defendeu Pereira e afirmou que a atitude de seu ex-aliado Pomar é ``um método inadequado de luta de idéias para o partido num momento conjuntural em que a discussão deveria ser levada para fortalecer a unidade e não levar à fragmentação e disputa interna sem critérios".
Dirceu também defendeu Pereira. ``O episódio está encerrado e foi reaberto agora para uso na luta interna. Não há nenhuma prova contra Silvio", disse.
Cândido Vaccarezza, coordenador da campanha de Dirceu e candidato à reeleição à presidência do PT paulistano com o apoio de Falcão, declarou que o episódio faz parte do jogo eleitoral petista. ``É estranho isso aparecer quando faltam duas semanas para a eleição do diretório de São Paulo".
Pomar apóia Sonia Hipólito para a presidência do PT paulistano.

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