São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Acordo com Covas diminui corte de verbas na TV Cultura por 120 dias

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mario Covas aceitou proposta de acordo feito pela Rede Cultura (TV pública de São Paulo) e diminuiu, por 120 dias, os cortes no orçamento da emissora. Isso evita, a curto prazo, a necessidade de novas demissões.
Os repasses de recursos do governo estadual para a Rede Cultura foram cortados de R$ 4,5 milhões para R$ 2,8 milhões por mês. Isso já provocou a demissão de 250 dos 1.600 profissionais da TV e causaria outras 350 novas demissões nesta semana.
Com o acordo fechado ontem, a Rede Cultura receberá do governo, até setembro, repasses mensais de R$ 3,425 milhões. Durante esse período de trégua, vai se reestruturar para diminuir custos e tentar buscar outras fontes de recursos.
O acordo foi anunciado ontem, durante a cerimônia de posse do jornalista e escritor Jorge Cunha Lima na presidência da Fundação Padre Anchieta, que controla a emissora.
O processo de reestruturação poderá levar a novos cortes de pessoal e remanejamentos internos, mas com uma definição de critérios que evitem prejuízos ao funcionamento da TV.
Uma das áreas mais atingidas será o departamento de jornalismo. A Cultura planeja mudar o caráter de seus programas jornalísticos: mais análise, menos informações do dia-a-dia.
``Na cobertura da guerra da Tchechênia, por exemplo, o papel de um jornalismo cultural é mostrar onde fica o país, contar a história e as razões do conflito", afirmou o ex-ministro das Relações Exteriores, Roberto Abreu Sodré, presidente do conselho curador da fundação, durante a cerimônia de ontem. Cunha Lima, a seu lado, concordou com a análise.
O mesmo raciocínio se aplica a fatos brasileiros: diminuir as coberturas e aumentar as análises. Com isso, cairia a necessidade de manter equipes de reportagem com equipamentos para coberturas em vários locais, diminuindo os custos de produção.
Na busca de novas fontes de recursos, a Cultura vai procurar apoios culturais de empresas públicas e privadas, realização de coproduções e aprovação de projetos através da Lei Rouanet -que permite abatimento no imposto de renda de pessoas e empresas que invistam em cultura.
O ex-presidente da Fundação Padre Anchieta, Roberto Muylaert, disse que a Rede Cultura já vinha buscando recursos privados desde 1991. Foi uma resposta ao secretário de Fazenda, Yoshiaki Nakano, que acusou a rede de nunca ter se empenhado em conseguir recursos privados.
``No ano passado, captamos R$ 7,6 milhões, correspondentes a 12,61% de nosso orçamento, sem que ninguém tivesse pedido que fizéssemos isso", afirmou Muylaert.

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