São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Dirigentes da ABI se desvinculam de fraude

DA SUCURSAL DO RIO

Dois dirigentes da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) atribuíram ontem ao Sindicato dos Jornalistas do Rio a responsabilidade por quaisquer irregularidades nos pedidos de anistia e aposentadoria excepcional para jornalistas.
O diretor-tesoureiro da ABI, Alfredo Marques Vianna, 57, e o conselheiro da entidade José Gomes Talarico, 80, prestaram ontem depoimento no inquérito da Polícia Federal que apura fraudes nos pedidos de aposentadoria.
Os depoimentos marcam o fim do apoio da ABI ao sindicato, alvo de denúncias da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) ao Ministério do Trabalho, que concede as anistias.
A anistia de profissionais cujas carreiras foram prejudicadas pelo regime militar (1964-85) é condição para o pedido da aposentadoria ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Os dois dirigentes da ABI integraram uma comissão criada em fevereiro último pela entidade para analisar os pedidos.
Eles disseram que a comissão não funcionou por não ter tido acesso a documentos. Segundo Vianna, o presidente do sindicato, Paulo César Rodrigues, alegou não poder apresentá-los, pois estariam no Ministério do Trabalho.
Segundo ele, o sindicato datilografou em sua sede, com papel timbrado da ABI, os textos que o presidente da ABI, Barbosa Lima Sobrinho, 98, assinaria posteriormente avalizando os pedidos de anistia e aposentadoria.
``Os processos foram feitos no sindicato. A ABI não fez checagem. Acreditamos no sindicato", afirmou Marques Vianna. ``Se há fraude, irregularidade ou favorecimento, a responsabilidade cabe ao sindicato", disse Talarico.
O presidente do sindicato, que aos 40 anos recebe aposentadoria mensal de R$ 3.650, contestou os depoimentos.
``Desminto categoricamente. Em momento algum dissemos que os documentos não estavam disponíveis, até porque tínhamos cópias autenticadas para os pedidos ao INSS", afirmou Rodrigues.
Segundo ele, 36 pedidos de anistia encaminhados ao Ministério do Trabalho foram deferidos e outros 66 estão em andamento. ``Estamos preparando mais uns dez", afirmou.
A Fenaj marcou para hoje uma reunião de jornalistas do Rio com o objetivo de convocar uma assembléia para discutir a destituição de Rodrigues da presidência do sindicato.

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