São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995 |
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Serra vence Malan na disputa sobre cotas
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
A confirmação da vitória de Serra veio com a informação do presidente Fernando Henrique Cardoso, via porta-voz Sérgio Amaral, de que será assinada até amanhã MP (medida provisória) alterando o sistema de importação de veículos. Serra sai vitorioso do episódio pois a MP deve impor limites as importação de automóveis. A limitação foi articulada por Serra e não conta com o apoio de Malan. E mais: a nota divulgada por Amaral deixa entender que a MP trará incentivos à indústria, como quer Serra. Segundo nota divulgada por Amaral, o objetivo da MP é ``assegurar mais investimentos no setor e evitar desequilíbrios na balança comercial". Diz também que serão preservadas as regras do Mercosul e da OMC (Organização Mundial de Comércio). FHC disse também, através de Amaral, que existem apenas ``divergências técnicas" entre Malan e Serra sobre a MP, que deve restringir a importação de automóveis através do sistema de cotas. ``Existem divergências de nível técnico sobre como fazer, mais do que sobre o que fazer", disse Amaral. O porta-voz disse que ``as questões técnicas ainda pendentes" seriam discutidas ontem em uma reunião na Casa Civil da Presidência, com a participação de Malan e de outros membros da equipe econômica. Divergências As divergências entre os dois ministros sobre o tema começaram ainda em março, quando Serra apresentou, pela primeira vez, a idéia de estabelecer cotas. A medida vinha sendo discutida entre ele e a ministra Dorothéa Werneck (Indústria e Comércio), apesar da resistência de Malan. Com o vazamento da minuta da MP na semana retrasada, os atritos entre os dois ministros foram reforçados. Enquanto Serra pressionava pela edição da MP, Malan se recusava a assiná-la. O presidente Fernando Henrique Cardoso interveio na disputa e mandou que as equipes da Fazenda e do Planejamento se entendem sobre a questão. Além de tentar unificar o discurso do governo, a nota divulgada ontem pelo Planalto aproveita para anunciar que ``em nenhuma hipótese, o presidente endossará medidas que comprometam o processo de abertura da economia brasileira". Além de criar o regime de cotas, a minuta da MP que vazou pela imprensa também concedia benefícios à indústria automobilística, como redução da alíquota do Imposto de Importação de matérias-primas e equipamentos. Contra O professor Mario Henrique Simonsen e o deputado Roberto Campos (PPR-RJ) manifestaram-se ontem contra a aplicação de cotas de importação de carros. Ambos acham que, sendo necessário conter a entrada de automóveis, o melhor instrumento é que já foi adotado, o Imposto de Importação de 70%. Colaborou o enviado especial ao Rio LEIA MAIS sobre carros na pág. 2-3 Texto Anterior: Juiz quer que ex-porta-voz indenize Cabral Próximo Texto: Mercosul vai ficar de fora Índice |
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