São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Malan nega divergência mas discorda da MP

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, negou ontem, no Rio, que existam divergências políticas graves na equipe econômica, em particular no que se refere à contenção de importação de carros.
Mas, perguntado sobre sua posição a respeito de política industrial, disse que diverge da proposta da medida provisória do Ministério do Planejamento.
O projeto da MP contém dois tipos de regras: aplica limites e cotas para a importação de automóveis; e traz uma política especial de benefícios e incentivos para a indústria automobilística local.
É esse tipo de política que Malan não aprova. Ontem, ao definir política industrial, disse: ``A mais eficaz é a voltada para a redução do custo Brasil, para que toda a economia ganhe produtividade".
A expressão ``custo Brasil" designa o conjunto de obstáculos que encarecem a produção e distribuição de mercadorias no país.
Entre os principais obstáculos estão: juros altos, que encarecem investimentos; custo elevado da mão-de-obra, pelos impostos e taxas que a empresa recolhe sobre os salários; portos e infra-estrutura deteriorados; excessiva e má distribuída incidência de impostos.
A eliminação desses obstáculos, em ambiente econômico de estabilidade e regras claras, é o que atrai os investimentos, disse Malan.
Esta política, esclareceu, ``tem precedência" sobre a política industrial baseada na concessão de benefícios e vantagens para determinado setor da economia.
Os ministros José Serra, do Planejamento, e Dorothéa Werneck, da Indústria e Comércio, alinham-se com essas políticas de apoio a determinados setores.
Há, portanto, uma divergência ao menos teórica. O desempate está nas mãos de FHC. Como o presidente gosta de trabalhar com opiniões diferentes e aprecia a composição, é provável que a MP dos carros contemple um pouco de cada posição.

Texto Anterior: Nota à imprensa quer explicar MP
Próximo Texto: Saiba como é na Argentina
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.