São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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FUP deixa negociação e ameaça nova greve

DA SUCURSAL DO RIO

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) abandonou ontem as negociações com a Petrobrás. Os petroleiros podem entrar em greve na semana que vem.
A nova greve seria usada para pressionar a direção da Petrobrás a cancelar todas as demissões ocorridas na paralisação anterior. Também visaria a pressionar a Câmara dos Deputados a rejeitar, em segunda votação, a flexibilização do monopólio do petróleo.
Os petroleiros fizeram uma greve de um mês, encerrada no dia 2 passado.
A reunião de ontem entre a FUP e a equipe de negociadores da Petrobrás durou menos de 40 minutos. A empresa anunciou ter cancelado 33 demissões e mantido 71.
Segundo o coordenador da FUP, Antônio Carlos Spis, a Petrobrás está ``agindo de má-fé e irresponsavelmente". ``A empresa colocou uma gordura no número de demitidos para depois dizer que suspendeu as demissões", disse.
Para o sindicalista, o número de demitidos sempre foi 71, sendo que, desses, 12 foram demitidos em função da greve de outubro do ano passado. Na sua visão, a Petrobrás mentiu ao dizer que demitiu 104 pessoas só nesta greve.
A assessoria de imprensa da Petrobrás informou que os 71 demitidos confirmados ontem participaram da última greve. Foram mantidas as demissões das lideranças sindicais, incluindo Spis.
Os critérios para a manutenção das demissões, segundo a empresa, foram: ter aderido à greve, ter incitado à greve depois de o TST considerá-la abusiva e ter feito piquetes ou desligado equipamentos.
A Petrobrás divulgou nota informando que além de readmitir 33 funcionários, aceita parcelar 15 dias parados em quatro vezes, e antecipar, para quem quiser, o pagamento de dez dias de férias.
Segundo Spis, somente as demissões foram discutidas ontem. ``É uma questão de honra para a categoria o cancelamento de todas as demissões. Não foram só 59 pessoas que fizeram greve e sim 45 mil trabalhadores", disse.
A FUP informou que três sindicatos regionais já têm indicativo para a retomada da greve -Campinas, Paraná e Duque de Caxias. A direção da federação deve se reunir hoje no Rio e marcar uma assembléia nacional nesta semana.
Spis descartou a volta à greve amanhã, como querem os petroleiros de Duque de Caxias (RJ).
``Faremos amanhã (hoje) uma avaliação política. Falta ainda 18 sindicatos realizarem suas assembléias", disse.
O presidente do Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias, Nílson Viana Cesário, afirmou que pretende acatar a decisão da FUP.
Spis afirmou que os petroleiros permanecem em "estado de greve" e que "a retomada da mobilização estará relacionada com a segunda votação da emenda do Petróleo", na semana que vem.

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