São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Migrantes gaúchos contribuem para a devastação ambiental do Nordeste

DA REPORTAGEM LOCAL

Iniciada na década de 80, a mais recente migração gaúcha contribuiu para a modernização do Nordeste. Como consequência, devastou a natureza.
Em sua tese de doutorado ``Gaúchos no Nordeste: modernidade, desterritorialização e identidade", defendida na USP, Rogério Haesbaert da Costa, 35, analisa a segregação entre nordestinos e gaúchos.
Professor de Geografia da Universidade Federal Fluminense, Haesbaert pesquisou durante cinco anos. Verificou que, sem nenhuma consciência ambiental, os gaúchos destroem grande parte do cerrado brasileiro com suas plantações, principalmente de soja.
A segregação chega ao ponto de os sulistas tentarem criar territórios tipicamente gaúchos onde possam ter controle.
Em Barreiras (BA), há um bairro gaúcho com casas de madeira, construídas em estilo europeu.
Segundo Haesbaert, a ``desterritorialização" inclui a destruição de comunidades centenárias para a fundação de novos bairros gaúchos.
Em Mimoso do Oeste, a disputa é maior. Trata-se de um grande centro urbano com 10 mil habitantes, mas que não é sede do distrito, porque a prefeitura de Barreiras não permite sua emancipação.
``É uma forma de resistência dos baianos, pois apesar de ter perdido o poder econômico eles mantêm algum poder político nas mãos", escreve Haesbaert.
Haesbaert ressalta que, apesar de estarem sempre em confronto, entende como complementares as culturas nordestina e gaúcha.

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