São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995 |
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Cólera avança na região Norte
CRIS GUTKOSKI
Antes mesmo do final do primeiro semestre, os números do cólera nos maiores Estados do Norte já se aproximam dos registrados em todo o ano passado na região, segundo dados do Ministério da Saúde. No Pará, a quantidade de casos de janeiro até o último dia 7 -data da divulgação do mais recente boletim semanal do ministério sobre a doença- foi de 305, contra um total de 356 em 1994. No mesmo período, o Amazonas teve 509 doentes e 14 mortos. Em 94, foram 777 casos e 24 mortes. Amazonas, Pará e Maranhão (o último pertencente ao Nordeste) são responsáveis por 65% de todos os casos registrado neste ano no país e por 46 das 50 mortes. A taxa era de 1,08 morte a cada cem doentes em 94. Neste ano, alcança 2,4 mortes. Comparado com a incidência de 94 -quando houve 51.379 doentes e 544 mortos-, o número de casos no país no primeiro semestre deste ano (2.086) diminuiu. Até o último dia 7, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste registraram só casos suspeitos (1.422 ao todo) e nenhum confirmado. O Ceará, campeão da doença no ano passado, conseguiu anular os efeitos do cólera no Estado e não registrou casos confirmados neste ano (veja texto nesta página). Para o coordenador de Doenças Entéricas do Centro Nacional de Epidemiologia, Mário Flores, 47, o cólera resiste na região Norte, entre outros motivos, porque o contato da população com a água de rios e lagos é maior. Segundo ele, isso ocorre devido à intensidade da pesca e do transporte em barcos. A água é o principal veículo do vibrião colérico. O cólera pode levar à morte devido ao vômito e à diarréia intensos. A doença atinge principalmente as populações rurais e mata por desidratação, quando a pessoa não é tratada a tempo. A grande perda de líquido também pode provocar lesões irreversíveis nos rins e no coração. Mário Flores afirma que a epidemia de cólera persiste desde 1991 no Brasil porque nesse período não houve melhorias significativas no saneamento básico. O vibrião colérico se mantém ativo por três semanas e, em locais sem água encanada, banheiros ou esgoto, infecta rapidamente as pessoas através da água e de alimentos mal lavados. Texto Anterior: ONGs denunciam uso irregular de nomes Próximo Texto: Doença deve virar endemia Índice |
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