São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
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Malan, de improviso

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi ``um discurso firme e de improviso", segundo a Globo. ``Foi um discurso ressentido", segundo o SBT. Para ser exato, foi um desabafo.
Pedro Malan, incomodado pela mídia, pelo Congresso e por José Serra, soltou o verbo ``de improviso" e apresentou os seus feitos e motivos.
Lembrou que, com apenas 8% em cinco meses de governo Fernando Henrique, a inflação é a menor em 22 anos. A menor desde o ``milagre".
Ao lado de Pérsio Arida, o colega de primeira hora na equipe, que voltou a dizer que resistiu bem às pressões e só saiu por problemas pessoais, o ministro chegou a lembrar a justificativa original do Real, em trecho na Globo:
- O objetivo da inflação baixa em caráter permanente e do crescimento sustentado -e não uma bolha de crescimento que se esvai em desequilíbrio no balanço de pagamentos- é permitir que o país possa tratar de forma responsável, e não de forma demagógica, aquilo que efetivamente importa e que vai definir o que nós seremos ou não seremos no futuro, como economia e sociedade.
Na despedida do amigo, no que aparentou ser o final do primeiro ato do Plano Real, que vai completar um ano, foi um desabafo e um balanço. Falta agora entrar no segundo ato e enfrentar, afinal, ``aquilo que efetivamente importa".
Carapuça
Quanto às críticas diretas à cobertura, nem Globo, nem SBT, Bandeirantes, Record -ninguém vestiu a carapuça, ontem na televisão.
Muita preocupação
Parte do desabafo de Pedro Malan, quanto à ``bolha de crescimento", por exemplo, foi devido à pressão geral contra os juros altos. Ao menos foi o que indicou o presidente do Banco Central, em discurso.
Gustavo Loyola, em trecho mostrado na Manchete, disse ver ``com muita preocupação o andamento, no Congresso, do projeto de regulamentação do dispositivo que limita as taxas de juros reais".
Quando bateu em ``muita preocupação", o presidente do Banco Central provocou uma reação espantada do antecessor, ao seu lado. Afinal, ``muita preocupação" não é algo que presidentes de Banco Central falem assim, em público.

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