São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
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BC mudará ação no mercado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A estratégia do governo para acabar com os fundos de curto prazo e com a remuneração diária de depósitos deve passar por uma mudança da atuação do Banco Central no mercado secundário de títulos públicos federais. Ou seja: na negociação destes títulos antes da data do seu vencimento.
A equipe econômica estuda forçar os bancos a extinguir gradualmente estes fundos, retirando a garantia informal dada hoje pelo BC de recompra dos títulos federais em poder do mercado financeiro.
A prática de recompra pelo BC dá aos bancos tranquilidade para operar com fundos que oferecem liquidez diária, que permitem saques a qualquer momento sem perdas para o investidor.
Na medida em que precisam de dinheiro para atender aos saques, os bancos vão ao BC para revender ao governo títulos emitidos pelo Tesouro Nacional ou pelo próprio BC antes da data prevista de vencimento.
Estas operações são feitas normalmente por apenas um dia, renovando-se diariamente na medida do necessário.
Em última instância, quem tem garantida a liquidez diária dos fundos de curto prazo não é o próprio mercado e sim o BC, através da garantia informal de recompra.
Caixa
Nenhum normativo obriga o BC a evitar que instituições com aplicações em títulos fiquem sem dinheiro para fechar o caixa no final do dia. Mas esta tem sido a praxe do BC nestas operações.
Esta necessidade de intervenção mostra que as instituições estão aplicando em títulos mais do que elas têm capacidade de aplicar, mesmo com o risco de ficar sem dinheiro imediatamente disponível para atender aos saques.
Os últimos cálculos da equipe econômica indicam que este excesso de aplicação em títulos está em torno de R$ 17 bilhões. Em outras palavras, estão faltando no mercado R$ 17 bilhões, valor que o BC tem reemprestado diariamente, em média.
Os planos da equipe econômica não são de mudar repentinamente esta prática do BC. Dentro do princípio de que um pacote não pode mudar o programa de estabilização de uma só vez, a idéia e tirar o BC do mercado secundário de títulos, aos poucos.
As intervenções do BC passariam a ser feitas de acordo com objetivos de política monetária do governo.

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