São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
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Vendas voltam a crescer nos supermercados

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados paulistas venderam, em média, 5% mais nos dez primeiros dias de junho em relação a igual período do mês passado.
Já entre os dias 1º e 10 de maio, o desempenho foi 5% menor comparado ao mesmo período de abril, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas). Nos dez primeiros dias é que se concentra quase a metade da venda do mês.
``Depois de dois meses consecutivos de queda, as vendas reagiram em junho por causa do novo salário mínimo", diz Firmino Rodrigues Alves, presidente em exercício da (Apas).
A tendência, diz ele, é de que esse crescimento se sustente ao longo deste mês.
Segundo Firmino, o que está puxando o faturamento é venda de alimentos da cesta básica. Arroz, feijão, óleo, açúcar e sal são os produtos mais procurados.
A rede Sé, com 15 lojas espalhadas no Estado de São Paulo, confirma essa tendência.
Entre os dias 1O e 12 de junho, a empresa vendeu 8% mais em relação a igual período de maio, segundo David Araújo Neto, diretor comercial. O crescimento está concentrado nos produtos básicos.
Outra grande rede de supermercados, que prefere não ser identificada, informa que está vendendo de 3% a 5% mais na primeira quinzena de junho sobre o mesmo período de maio.
Esse desempenho, segundo a empresa, é reflexo imediato do novo salário mínimo pago aos aposentados e pensionistas.
Pequenos
A situação é semelhante nos pequenos supermercados. ``Nosso faturamento aumentou de 4% a 5% nos primeiros dez dias de junho em relação a igual período de maio", diz Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga, que reúne 35 mil pequenas revendas de alimentos no Estado de São Paulo.
A reversão nas vendas, explica, foi mais significativa nas lojas localizadas em bairros da periferia das cidades. É que o poder de compra desse consumidor tem relação direta com o salário mínimo.
Tanaka duvida, no entanto, que as vendas se mantenham positivas em junho. Motivo: o crescimento obtido até agora pode ser prejudicado pelo feriado da próxima quinta-feira que deve afetar as vendas do final de semana.
Negociação
Depois do recuo de 9% nas vendas dos supermercados em maio em relação a abril, a negociação com a indústria está tranquila.
``Os fabricantes estão mantendo os preços e os descontos que variam entre 3% e 5%", diz Firmino, da Apas.
Para desovar os estoques elevados, os fabricantes optaram por intensificar as promoções.
Nos setores de limpeza e de alimentos enlatados, por exemplo, é comum na compra de um determinado produto ganhar outro de brinde, dizem os supermercadistas.
Além do corte nas encomendas por parte dos supermercados, as altas taxas de juros estão forçando a indústria centrar fogo na política de promoções.
No mês passado, por exemplo, a taxa de juros girava em torno de 3,5% ao mês. Hoje oscila entre 5% e 6% ao mês.
Para Tanaka, que representa os pequenos supermercados, as grandes redes do atacado e do varejo são as que estão conseguindo fechar bons negócios.
É que elas compram grandes volumes e têm poder de barganha para obter descontos e brindes.

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