São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
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Aumento do mínimo paga dívida e comida

Salário não deve pressionar inflação

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do salário mínimo -que mereceu até veto do presidente Fernando Henrique no início do ano- está sendo direcionado apenas para aliviar as dívidas do comércio e para a compra de alimentos básicos.
Seu impacto nas taxas de inflação também não deve ser grande, afirma José Maurício Soares, supervisor do ICV (Índice de Custo de Vida) do Dieese (órgão de assessoria econômica dos trabalhadores).
``O reajuste vai para alimentos, remédios e pagamento de aluguéis atrasados", diz.
Soares diz que não há espaço para reajustes de aluguel (devido à grande inadimplência e aos recentes reajustes) e nos alimentos (em plena safra).
Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga (pequenos supermercados), diz que o reajuste do mínimo deve ser o responsável pelo aumento de até 5% no faturamento do setor.
O impacto, completa, só deverá ser sentido nos alimentos básicos, como arroz e feijão.
Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, afirma que o aumento de R$ 30 -o salário de maio, pago no final do mês ou no início de junho, passou para R$ 100- não será suficiente para alavancar a venda de bens de maior valor.
Segundo Solimeo, o reajuste salarial deve absorver parte do estoque das lojas, porém sem reflexos no aumento de encomendas à indústria.
Na SCI, que trabalha com garantia de cheques, a informação é que grande parte do aumento vai começar a quitar dívidas de inadimplentes.
O reajuste significa aumento entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão no total de salários pago por mês no país, segundo Ernesto Guedes, sócio da MCM Consultoria. O volume mensal de salários é de US$ 12 bilhões.

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