São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995 |
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E o Viola decide usando os "red shoes"
MATINAS SUZUKI JR.
A abertura das cortinas já foi difícil para o Grêmio: um time voluntarioso sente a ausência do comando na linha de combate. E o técnico Luiz Felipe, o estimulador dos guerreiros, estava no celular. O time ``black and blue" entrava em campo sem o lateral-esquerdo Roger, que fez falta e também fará na próxima quarta-feira. Logo depois perdeu o blitz-man Dinho e então a marcação desandou. Além dessas dificuldades, a fileira meio-campista do Grêmio se perfilou muito próximo à linha defensiva, deixando todo um sistema solar com estrelas e galáxias para o Corinthians se armar. E entre as estrelas e galáxias o time ``black and white" tinha com total liberdade para criar na intermediária: Souza, Marcelinho e o Viola de ``red shoes", o homem do sapato vermelho. (O time do Milan, por exemplo, com a sua marcação exemplar, faz exatamente o oposto: avança a retaguarda que, ela sim, se aproxima do meio-campo, diminuindo o espaço para o ataque adversário. O combate à criação do inimigo é feito logo no meio-campo. Os atacantes, com a defesa avançada, ficam espremidos pela lei do impedimento e longe do gol adversário. A coisa é inteligente). No primeiro tempo, o alvinegro soube trabalhar nos espaços oferecidos e beijou uma vez o gol de Danrlei, mas poderia ter beijado mais como pede rei Charles. Além disso, o time do Corinthians era o time com a cobiça, ganancioso, pretensioso, sedento da alegria: era o arco teso da promessa, mas que não conseguia vazar o arco retesado do grande Danrlei. No segundo testamento, o Corinthians, não se sabe por que razão divina, entrou cabisbaixo e cometendo o mesmo erro tático do adversário: colocou o meio-campo na linha da grande área. Deu espaço a quem não veio procurar espaço (perder de um a zero não era o pior dos mundos para o time ``black and blue"). Desconfio que o alvinegro pensou que o adversário estava liquidado. Mas o galope dos pampas em campo aberto é soberbo: pegou a defesa do Corinthians e o cão de guarda São Bernardo tomando chimarrão. O bom para os gaúchos ficou melhor ainda. Um a um. Aí entra a diferença entre os dois times: o Grêmio é fogoso, arisco, maverick indomável. Ganha na força o que perde em precisão. Mas tem poucas alternativas táticas e humanas para decidir. O Corinthians tem duas: Viola e Marcelinho. Na primeira decisão, Marcelinho assistiu Viola que, qual um Shaq em vôo no garrafão adversário, só enterrou. No segundo, Viola sofreu a falta e o Marcelinho chutou da linha de três pontos. Pegou o Danrlei na contradança, no contrapelo, embarcando na canoa errada. E então o Pacaembu viu o eliscóptero, os braços abertos para o êxtase. Texto Anterior: Conquista gremista seria um mal para o futebol Próximo Texto: Marcelinho reclama da violência gremista Índice |
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