São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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Vôlei feminino do Brasil trabalha 'corpo e mente'

Técnico adota a ioga na preparação para Atlanta-96

SÉRGIO KRASELIS
DO ENVIADO A BELO HORIZONTE

A seleção brasileira feminina de vôlei está utilizando os ensinamentos da ioga para aumentar seu rendimento na quadra.
Sistema ortodoxo de filosofia da Índia, que considera atingir um estado de perfeição a principal finalidade da vida humana, a seleção tem praticado a ioga pelo menos duas vezes por semana.
Animado com os resultados, o técnico Bernardo Rezende, 35, o Bernardinho, disse, antes de viajar à Suíça, onde a seleção disputa a BCV Cup, que a ioga funciona como uma ``ferramenta a mais" para a equipe se preparar para os Jogos de Atlanta (EUA), que acontecem em 96.
(SK)

Folha - Como você avalia a fase atual da seleção brasileira feminina de vôlei?
Bernardinho - Fazemos um trabalho de reestruturação física e técnica. Muitas jogadoras estão se recuperando de contusões.
Folha - O grupo que disputou os amistosos contra os EUA, em maio, e agora a BCV Cup, vai ser mantido até os Jogos de Atlanta, em 96?
Bernardinho - Estamos sedimentando as bases visando a Olimpíada de Atlanta. Mas, o grupo deve mudar. Ana Moser ainda está fora de ação.
Devo fazer uma nova convocação, após o Torneio de Clubes, para o Grand Prix e a Copa do Mundo, que são os grandes objetivos deste ano.
Folha - Existe outra preocupação que envolve a seleção?
Bernardinho - As inquietações deste ano são um pouco diferentes das do ano passado.
É importante que as jogadoras não percam a perspectiva de que a principal função delas é o treino e a determinação. Só o treino per mite a elas se manter no nível das primeiras equipes do mundo.
Se as jogadoras baixarem o nível de dedicação ao treinamento, o declínio vai ser inevitável.
Folha - A seleção feminina já sente a mesma pressão que é exercida sobre a masculina?
Bernardinho - Temos conversado muito sobre isso. O que deve ficar claro para elas é que não aceito baixa de rendimento.
O público, a imprensa, os dirigentes, sempre vão esperar uma medalha, mas isso é inerente à posição que nós conquistamos.
Folha - Existe alguma maneira de combater as pressões?
Bernardinho - A questão mais importante é a equipe estar consciente da ligação entre o corpo e a mente. Ou seja, ter a serenidade suficiente para que, em momentos importantes, atinja a performance ideal e esteja sempre perto dela, sem oscilações emocionais.
Folha - Como atingir esta ligação entre o corpo e a mente?
Bernardinho - Estamos fazendo um trabalho de ioga, com técnicas de respiração e alongamento que auxiliam a tomada de consciência corporal.
É uma técnica a mais para ser usada em momentos importantes. Jogamos em ginásios muitas vezes com até 15 mil pessoas e essa técnica ajuda a aprender a se concentrar e raciocinar em ambientes com movimentação e ruído.
Folha - Qual é a finalidade de se adotar este método?
Bernardinho - Ele ajuda a não se preocupar em ter uma grande performance. É claro que você se preocupa com o preparo físico e técnico. Mas, a partir do momento em que você joga, que esta ação seja a mais natural possível.

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