São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995 |
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Propaganda sérvia liga croatas ao nazismo
ANDRÉ FONTENELLE
A imprensa governista e o Ministério da Informação apresentam as repúblicas da Sérvia e de Montenegro (o que restou da Iugoslávia) como um país injustiçado pela comunidade internacional. A Croácia é mostrada como um Estado nostálgico do regime fantoche criado pela Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra. ``Não foram os sérvios que levantaram o ódio entre os povos", defende-se Rade Drobac, 44, vice-ministro sérvio da Informação. ``Croatas, eslovenos e muçulmanos quiseram deixar à força a Iugoslávia, sem levar em conta os que queriam ficar", diz Drobac. O ministério publica livros, revistas e boletins para consumo nacional e internacional, defendendo os argumentos dos sérvios. Ou seja: os sérvios são um povo pacifista, que quis apenas defender, inicialmente, a integridade da ex-Iugoslávia, e, mais tarde, os direitos das populações sérvias na Bósnia e na Croácia. O embargo comercial, afirmam os sérvios, é uma punição injusta, e as grandes potências são responsáveis pelo conflito, pois queriam desmembrar a Iugoslávia. Boa parte dos textos publicados pelo ministério, assim como pelos jornais e pela agência de notícias oficial "Tanjug, tratam do passado nazista da Croácia. Durante a Segunda Guerra Mundial, os croatas viveram seu único período de ``independência" anterior neste milênio -como Estado nazista, governado por Ante Pavelic, sob tutela de Hitler. O que isso teria a ver com a Croácia de hoje? ``É um Estado fascista", acusa Rade Drobac. ``Hoje, há muitos ustachis (nazistas croatas) que voltaram à Croácia e fazem parte do Estado." Um livro publicado pelo ministério, ``O Mito de Jasenovac", acusa o presidente croata, Franjo Tudjman, de simpatizar com os fascistas. Drobac não acha que o fato de as acusações serem dos sérvios diminua sua credibilidade. ``Se não escrevermos, quem vai escrever? É uma forma de darmos o outro lado da informação." Ele se defende da acusação segundo a qual o governo controla a imprensa -o fornecimento de papel, por exemplo. ``Isso se deve às sanções comerciais. Não podemos importar papel e falta matéria-prima", diz. Texto Anterior: BÉLGICA ; IRAQUE; TERREMOTO; LÍBANO Próximo Texto: Exército bósnios ataca `capital' dos sérvios Índice |
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