São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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Rebeldes tchetchenos libertam 160 reféns

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Tropas russas lançaram na tarde de ontem um segundo ataque contra um hospital em Budennovsk, no sul da Rússia, onde um grupo de 60 a 200 guerrilheiros separatistas tchetchenos fizeram cerca de mil reféns.
A ação russa foi iniciada na madrugada de ontem (noite de anteontem, no Brasil), com metralhadoras pesadas e canhões.
Durante uma trégua na ação russa, os tchetchenos libertaram 160 reféns.
A informação foi anunciada pelo presidente russo Boris Ieltsin, que está no Canadá, participando da cúpula dos sete países mais industrializados do mundo.
Ieltsin afirmou que cinco soldados russos morreram no ataque contra o hospital.
Segundo o governo russo, guerrilheiros tchetchenos tentaram escapar do hospital disfarçados de profissionais médicos, mas foram mortos.
Muitos reféns pediram aos russos para interromperem o ataque, para evitar mais mortes.
“Todos os reféns feridos esta manhã foram atingidos por fogo russo”, disse a médica Vera Chepurina, que saiu do hospital para falar com os russos. “Precisamos parar com isso”.
Segundo jornalistas no local, era possível ver das janelas do hospital mulheres desesperadas pedindo o cessar-fogo russo.
“Os tchetchenos forçam as pessoas a ficarem nas janelas, enquanto os russos disparam’, disse Iuri Klujkov, um recém libertado.
“Minha filha foi atingida por disparos nossos, mas graças a Deus está viva”, dise Valia Gueikina, mãe de uma refém de 18 anos, grávida, que foi libertada pelos tchetchenos.
No Canadá, Ieltsin, disse ontem que foi ele quem havia determinado a operação de assalto contra o hospital.
“A decisão foi tomada antes de eu viajar, com todos os ministros envolvidos”, disse o presidente russo.
Analistas dizem que Ieltsin esperava capitalizar com a crise, um ato terrorista tchetcheno em solo russo.
Apesar de Ieltsin dizer ter ordenado o ataque, porta-voz das tropas russas informou que a ação foi realizada sem ordens superiores.
“Eles reagiram emocionalmente aos gritos dos reféns e ao som de tiros dentro do prédio.”
“Na hora da ação não havia plano de ataque, embora houvesse esboçado um esquema de atuação em caso de massacre”, disse Valeri Grishin, um porta-voz do governo russo.
Os tchetchenos atacaram Budennovsk, de 100 mil habitantes, na quarta-feira passada, em uma ação que deixou pelo menos 117 pessoas mortas, incluindo civis, soldados russos e tchetchenos.
Durante a trégua entre os assaltos, os dois lados mantiveram uma série de conversações, mas sem resultados. Por volta das 15h (8h em Brasília), uma nova rodada de negociações parecia estar se iniciando.
Os rebeldes querem o fim da intervenção militar russa na Tchetchênia, república separatista que foi invadida pelos russos em dezembro passado. A república se declarou independente em 91.

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