São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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Migliaccio desenha nas horas vagas

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O ator Flávio Migliaccio vivencia nas ruas o sucesso de seu mais novo personagem, o feirante Vitinho Giovanni da novela global das 20h, ``A Próxima Vítima".
Mas o talento do ator se revela em outras áreas. Além de diretor e roteirista de cinema, teatro e TV, Migliaccio também desenha -e bem.
Uma de suas charges chegou a ser premiada, nos anos 70, em salão de humor promovido pela universidade Mackenzie, em São Paulo (veja ilustrações nesta pág.).
No que diz respeito ao seu trabalho de ator, Migliaccio colhe com Vitinho os louros de uma carreira de 40 anos dedicada a interpretar personagens populares.
``O Jorge Dória (ator) uma vez me falou que eu era o legítimo representante do pobre", diz, orgulhoso pela boa repercussão de seu feirante do mercado central de São Paulo.
Paulistano do Brás e carioca ``de adoção", Migliaccio diz que compor personalidades simples dá muito trabalho.
``São personagens muito elaborados. Para fazer o Vitinho, estudei bem o pessoal do mercado", diz. Um ponto complicado, segundo ele, é encontrar a dosagem certa de simplicidade.
Para ator, o preconceito que existe em relação à pobreza faz com que os produtores de novelas tentem ``elevar o nível" dos personagens com maquiagem, roupas e cenários mais elaborados. ``É difícil fazer um pobre real", diz.
No entanto, com o sucesso de seus tipos populares, Migliaccio acabou conquistando o direito de interpretá-los da forma mais realista possível.
Hoje em dia, por exemplo, ninguém mais tenta dar um jeito nos desleixados cabelos do personagem Vitinho.
Entre os papéis mais marcantes que Migliaccio já fez na TV está o Xerife da dupla Shazan (Paulo José) e Xerife, na novela ``O Primeiro Amor" (Globo, 72). A dobradinha fez tanto sucesso que acabou virando série.
Além de Xerife, o ator também cita o delegado que viveu em ``Perigosas Peruas" (Globo, 92) e um padre tradicionalista da minissérie ``Incidente em Antares" (Globo, 95).
O segredo para o sucesso, segundo Migliaccio, é nunca rejeitar personagens e interpretá-los de forma digna.
Prova disso é que já virou até árvore no humorístico ``Viva o Gordo" (Globo, de 81 a 87). ``Eu suava terrivelmente, mas encarava como se fosse um personagem."
No teatro, o primeiro papel de sua carreira foi o de um cadáver, na peça ``Julgue Você", no Teatro de Arena de São Paulo, em 1955. ``Nunca reclamei. Fiz aquele morto com a maior dignidade."
No cinema, sua estréia como roteirista e diretor foi em ``Os Mendigos", em 1960. No filme -o primeiro dos sete que escreveu e dirigiu- Migliaccio já revelava sua ``vocação para a pobreza": mostrava o lado marginal da cidade através das aventuras de um bando de mendigos que resolve promover uma festa de casamento na rua.

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