São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995
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Fotógrafo defende a força do preto-e-branco

LEON CAKOFF
ESPECIAL PARA A FOLHA, DA CIDADE DO MÉXICO

A seguir, Gabriel Figueroa defende a excelência da fotografia em preto-e-branco.
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Folha - Os filmes rodados em preto-e-branco continuam sendo melhores do que os coloridos?
Figueroa - Desde o princípio as cores no cinema foram manipuladas pelos produtores. É a diferença com os grandes clássicos em preto-e-branco, que tiveram liberdade de experimentar porque os produtores achavam que filmar em preto-e-branco era uma arte menor.
Eu só me dou por satisfeito com dois trabalhos meus em cores: ``Os Abutres têm Fome" (1969), de Don Siegel, e ``À Sombra do Vulcão" (1983), de John Huston.
Experimentar as cores era como uma blasfêmia nos EUA. Isso durou até Hollywood perceber que as cores estavam muito avançadas na Europa, como nos filmes de Antonioni, em ``Um Homem, uma Mulher", de Claude Lelouch.
Nesta homenagem que fizeram para mim em Hollywood (em 5 de março), exibiram trechos de minhas velhas imagens em preto-e-branco e depois as compararam com exemplos da fotografia de hoje no cinema. Fui ovacionado no final. Depois, na fila dos autógrafos estavam Al Pacino e Francis Ford Coppola, dizendo que eu era o mestre deles. Quase me matam de emoção.
Folha - Foi um reconhecimento a um estilo que influenciou várias gerações de cineastas?
Figueroa - Não sei se tenho um estilo. Lembro de uma frase de Garcia Lorca que dizia que um artista deveria ter três coisas: caráter, estilo e duende. Eu acho que tenho mais duende do que estilo... O melhor que fiz foi mesmo em preto-e-branco.
Por que Picasso, o rei das cores, pintou um único mural político, ``Guernica", em preto-e-branco? Porque tem mais força do que as cores.
(LC)

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