São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 1995
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Menem descarta idéia de compensar restrição a carro

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Argentina não aceita negociar com o Brasil nenhuma diminuição nas suas exportações de veículos que possa ser compensada por vendas maiores de qualquer outro produto ao mercado brasileiro.
O presidente argentino, Carlos Menem, disse ontem em São Paulo que ``o que estamos negociando agora com o Brasil só diz respeito ao tema automóveis".
Com estas declarações, Menem fecha uma alternativa ao governo brasileiro de oferecer nas negociações com a Argentina uma compensação para uma eventual imposição de cotas aos automóveis argentinos.
Menem disse ainda que se Brasil e Argentina não chegarem a um acordo nos próximos 30 dias, ``continuará vigorando o acordo que existe hoje, até que se encontre outra solução".
O Brasil tem interesse em limitar o acesso dos carros argentinos ao seu mercado. Isso aumentaria a disposição das montadoras de investir mais no Brasil, já que elas não teriam, a partir da Argentina, livre acesso ao mercado brasileiro -o maior da América Latina.
Menem voltou a frisar ontem que ``o marco, a lei e o espírito"do acordo de Ouro Preto devem ser mantidos. Pelo acordo, não há limites para a entrada de carros argentinos no Brasil.
As vendas de automóveis para o Brasil representam apenas 1,6% das exportações argentinas.
Mesmo assim, Menem mantém firme sua posição de não limitar a entrada dos carros argentinos no Brasil.
``A Argentina nunca protestou durante os quase quatro anos em que a sua balança de comércio foi totalmente desfavorável em relação ao Brasil. Agora que a coisa está ficando boa para nós, é justo que haja conversações para não interromper uma situação que ficou boa para a Argentina."
Em entrevista coletiva após o encerramento da cúpula do Mercosul, Menem disse que as negociações com o Brasil devem se dar em um clima de ``cordialidade".
``Há um convênio, que para nós é lei, que estamos cumprindo. Mas como há um tema que agora mostra assimetria e diferenças, conversamos para superar as diferenças."
Segundo Menem, ``não há nenhum sentimento de desconfiança" entre os dois países.
Antes de embarcar ontem para a Argentina, Menem disse que seu país deve cumprir este ano todas as metas acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

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sobre Mercosul na página 1-5

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