São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 1995
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Governo desiste de votar juros amanhã

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O projeto que limita os juros a 12% ao ano só deverá ser votado pela Câmara na próxima semana.
O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), vai negociar hoje com a oposição a data da votação.
A idéia inicial dos governistas era colocar o projeto em votação amanhã. Eles avaliavam que o plenário estaria vazio devido às festas juninas.
``O nosso grande eleitor será São João", chegou a dizer o vice-líder do governo na Câmara, deputado Jackson Pereira (PSDB-CE), referindo-se à festa do dia 24.
Mas houve uma mudança de estratégia após a constatação de que seria muito fácil para a oposição impedir a votação. A ``esquerda" sairia do plenário e pediria verificação de quórum.
Para votar o projeto é necessária a presença de 257 deputados, mesmo número para a aprovação.
Com isso, os governistas passaram a defender que a proposta seja votada na próxima terça-feira. Para tentar diminuir o número de dissidentes, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, se reunirá amanhã com o PFL e o PMDB.
Malan utilizará o mesmo argumento que o presidente Fernando Henrique Cardoso usou ontem em almoço com o PTB.
Dirá que FHC vai vetar o projeto, caso seja aprovado. Mesmo assim, o governo prevê uma fuga de capital de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões entre a aprovação e o veto.
Redução gradual
Nas reuniões que manteve ontem com a bancada do PTB e anteontem com a do PP, FHC voltou aos tempos de professor e deu ``aulas" para convencê-los a votar contra o tabelamento.
Nas duas ocasiões, o presidente concordou que os juros estão altos, mas ponderou que a queda das taxas exige cautela por parte do governo para não ameaçar o controle da inflação. A redução dos juros será gradual, insistiu FHC.
Ao mesmo tempo que tenta evitar a aprovação do projeto, FHC vai pressionar o Congresso para suprimir da Constituição o dispositivo que estabelece o limite de 12% para os juros anuais.
O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), já está coletando assinaturas para a apresentação da emenda.
Com a retirada do artigo da Constituição, o governo evita que outros projetos sejam apresentados com o objetivo de tabelar os juros.

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