São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 1995
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Caso Diniz será julgado hoje pelo Supremo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

O STF (Supremo Tribunal Federal) julga hoje recurso encaminhado pela defesa dos sequestradores do empresário Abílio Diniz, pedindo que o crime seja considerado político.
O objetivo é transferir o processo para a Justiça Federal, anulando a condenação de 28 anos para cada sequestrador imposta pela 14ª Vara Criminal de São Paulo.
O sequestro aconteceu em 89. Dos dez sequestradores, cinco são chilenos, dois são canadenses, um é brasileiro e dois são argentinos. O relator do caso é o presidente do STF, ministro Sepúlveda Pertence.
Caso o STF considere que o sequestro teve conotação política, em novo julgamento os sequestradores podem ter suas penas reduzidas de 28 para 12 anos.
``Como eles estão presos há seis anos, poderiam responder ao processo em liberdade", argumenta o advogado dos sequestradores, Antônio Carlos de Almeida Castro.
A defesa argumenta que os condenados são militantes do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionário) do Chile. Eles teriam sequestrado Diniz para financiar a atuação de novos partidos de esquerda na América Latina.
``O juiz que determinou a sentença não tinha competência para julgar o crime, por se tratar de sequestro político", disse Castro. Os governos e parlamentos do Chile e Canadá já pediram ao Palácio do Planalto que os sequestradores sejam expulsos do Brasil.
O presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu carta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados recomendando a expulsão.
Se fossem expulsos, os sequestradores estrangeiros ficariam livres em seus países.

Terrorismo
O senador Romeu Tuma, vice-presidente mundial da Interpol, a polícia internacional, disse à Folha que ``consta para a Interpol que a conexão internacional desses sequestradores continua operando no mundo e fazendo sequestros".
Em maio de 1993, na Nicarágua, um depósito de mísseis e armamentos pesados explodiu. No local, foram encontrados passaportes dos canadenses Christine Lamont e David Spencer, condenados pelo sequestro de Diniz.
Junto dos passaportes, havia uma lista de brasileiros ``sequestráveis" e provas materiais de que o grupo estava ligado a organizações terroristas.

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