São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 1995 |
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Rebelião em SP mata carcereiro
SARA SILVA; ROBERTO CARDINALLI
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, 30 presos teriam feito 23 funcionários como reféns. De acordo com a PM, o motim envolveria 680 detentos, que teriam em seu poder 22 reféns. Este é o quinto motim no complexo neste ano (leia texto ao lado). Até as 18h30, a rebelião e as negociações continuavam -embora houvesse possibilidade de invasão do presídio. Não havia informação de reféns feridos. O Complexo Penitenciário de Hortolândia abriga hoje 2.940 presos -2.210 nas áreas de segurança máxima (697 na Casa de Detenção e 1.512 em duas penitenciárias) e 730 em regime semi-aberto, no presídio Ataliba Nogueira. A capacidade total é de 2.312 presos. A PM cercou a Casa de Detenção às 10h45. Cerca de 200 homens -policiais, atiradores de elite e tropa de choque- passaram a tarde no local. Cinco carros trouxeram 25 homens de São Paulo. Um grupo de 20 presos, que não participou da rebelião, foi retirado logo após o início do motim e transferido para as penitenciárias 1 e 2, também no complexo. As negociações com presos estavam sendo feitas pelo secretário-adjunto de administração penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, e pelo coordenador da Coespe (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo), Lourival Gomes. Às 12h, um bilhete assinado por um dos reféns, o diretor de disciplina Heitor Scatoglini, pedia uma camionete com o tanque de combustível cheio e duas metralhadoras para fuga dos presos. Segundo agentes penitenciários, a rebelião é liderada por José de Arimatéia, José Bezerra e Moacir Pinto, que estariam armados com dois revólveres 38, uma pistola automática e vários estiletes. O motim teria começado durante revista no pavilhão A, porque havia suspeita de que os presos tinham armas. Quando os agentes faziam a revista, foram rendidos. Os presos rebelados teriam seguido então até o corredor de acesso à chefia. Segundo agentes que estavam no local, os líderes do motim entraram atirando. O agente de segurança Aloízio Mello, que começaria a trabalhar ontem na Casa de Detenção, foi baleado três vezes no peito, do lado do coração, e morreu. ``Ninguém se conforma, ele tinha uma menina pequena. Não entendemos como pode acontecer uma violência como essa", disse Antonio Perilli, primo de Mello. O chefe de plantão, Antonio Luiz Rodrigues, disse que ouviu tiros no corredor e, quando saiu para verificar, dois agentes entraram e fecharam a porta. Um dos presos colocou uma arma por uma abertura da porta e atirou, ferindo José Aparecido Belizário Andrade, que segurava a porta. Os presos invadiram a sala, balearam o agente Aldemiro Floriano e renderam Rodrigues. Rodrigues foi libertado para retirar o corpo de Mello. Andrade e Floriano, também soltos, foram levados para hospitais de Campinas (99 km a noroeste de SP). Agentes penitenciários, revoltados com a morte de Mello, impediram no início da noite a entrada de integrantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) na Casa de Detenção. A comissão pretendia fiscalizar o andamento das negogiações. Para acalmar o tumulto, a PM retirou a comissão do local. Texto Anterior: Estado e associação fazem parceria em SP; O NÚMERO; Revista da USP discute universidade-empresa; Temperatura chega a 6,8oC no Paraná; Simpósio debate hoje roubo de gado no RS Próximo Texto: Secretário prevê invasão Índice |
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