São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Desvalorizar real afeta Mercosul, diz Reed

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

O presidente mundial do Citibank, John Reed, disse ontem que uma nova desvalorização do real poderá comprometer seriamente o futuro do Mercosul (Mercado Comum do Sul).
``A desvalorização do real deve ser evitada porque gera desconfiança nos investidores estrangeiros, colocando em risco a estabilidade da economia de todos os países do Mercosul", afirmou Reed, em discurso na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, no início da tarde de ontem.
Em março, o governo brasileiro promoveu a primeira desvalorização do real frente ao dólar desde a implantação da nova moeda, em junho de 1994.
A desvalorização tinha como objetivo aumentar o superávit da balança comercial (diferença entre exportações e importações) para que as reservas cambiais não caíssem, como aconteceu no México.
Na época, a economia argentina recebeu com apreensão a notícia da desvalorização do real, com queda em sua Bolsa de Valores.
``O mercado internacional está se convencendo da estabilidade da economia brasileira, e desvalorizar o real só aumenta a apreensão dos investidores. E isso é desastroso para o país e para o Mercosul", disse.
Para ele, é ``natural" que o Mercosul demore algum tempo para se firmar. ``A União Européia, que é muito mais antiga, ainda não é totalmente estável", completou.
Reed disse ainda que para que o Brasil atraia mais investimentos externos é preciso que ``os intelectuais brasileiros" venham aos EUA para explicar todas as oportunidades que o país oferece.
``As potencialidades de investimentos no Brasil não são totalmente conhecidas e muita gente ainda teme que o que aconteceu no México se repita no país."
Entre as economias emergentes, avalia Reed, o Brasil é atualmente o país que tem mais chances de atrair capital estrangeiro. ``Os asiáticos também tem potencial, mas ainda são politicamente instáveis. Essa é a maior vantagem do Brasil."

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