São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995 |
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Parlamentares resistem à pressão contra taxa de 12%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O ministro Pedro Malan (Fazenda) não conseguiu ontem convencer as bancadas do PMDB e do PFL a votar contra o projeto que limita os juros reais (acima da inflação) em 12% ao ano.A avaliação foi transmitida pelos líderes governistas ontem à noite ao presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio do Planalto. Malan esteve no Congresso e se reuniu com o PMDB e o PFL -os dois maiores partidos da base de sustentação do governo. O ministro disse que o governo vai fazer a ``desmontagem do sistema" que está desaquecendo a economia. ``Mas não posso marcar data nem fixar dia", acrescentou, sinalizando que continuará usando o juro alto contra a inflação. A indefinição de Malan em precisar quando os juros começarão a cair desanimou os políticos aliados ao governo. ``Eu gosto muito do Malan, mas ele não convenceu", afirmou a FHC o líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE). Inocêncio disse ainda a FHC que ouvira apelos de parlamentares aliados para que se evitasse a votação do projeto, prevista para a próxima terça-feira. ``Vai ser difícil segurar", informou a FHC. A insegurança causada pela avaliação dos líderes governistas em relação a Malan levou o governo a trabalhar a partir de hoje em mais um adiamento da votação. ``O governo desistiu de votar o projeto no próximo dia 27", disse o deputado Jorge Tadeu Mudalen (PMDB-SP), ao sair de um jantar com FHC na casa do deputado João Henrique (PMDB-PI). Na reunião do Palácio do Planalto, outros líderes governistas endossaram a avaliação de Oliveira. O líder do PPR, Francisco Dornelles (RJ), afirmou que a bancada do partido racharia na votação. ``O PMDB também está dividido", emendou o deputado Jurandyr Paixão (SP), que representava a liderança do partido. O líder do PP, deputado Odelmo Leão (MG), confirmou o mesmo diagnóstico em sua bancada. No Congresso, Malan foi pressionado o tempo todo pelos parlamentares que exigiram um prazo para a queda dos juros. A longo prazo, ele disse que considera viável juros de 12%. O deputado Thomaz Nonô (PMDB-AL) foi aplaudido ao dizer que é difícil ``ficar convencido de que as coisas vão bem". Na saída do encontro com o PFL, Malan disse que é ``ingenuidade" pensar que as altas taxas de juros podem ser extintas através de um decreto ou por ``canetada". Aos peemedebistas, o ministro disse que tabelar juros não é atribuição do Congresso, porque o sistema financeiro é muito criativo e inventivo e encontraria uma forma de burlar a nova regra. ``O presidente ficou muito preocupado", relatou Inocêncio. ``O projeto não está maduro", sustenta o líder, que ainda procura uma forma de evitar a votação. LEIA MAIS sobre medidas de alívio ao crédito na pág. 2-1 Texto Anterior: Diabéticos necessitam de menos alimentos do que não-diabéticos Próximo Texto: Estudo aponta hiperinflação Índice |
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