São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Para Kandir, limite não vai ser aprovado

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O economista e deputado Antônio Kandir (PSDB-SP) aposta que o limite de 12% para a cobrança dos juros não será aprovado pela Câmara. O projeto terá seu voto ``não".
Kandir defende a redução gradual das taxas de juros -segundo ele, um preço caro pago pela estabilidade da economia. E insiste que a limitação dos juros por lei seria um ``tiro pela culatra".
A seguir, trechos da entrevista concedida ontem à Folha:
Folha - Por que o senhor vai votar contra o limite de 12%?
Antônio Kandir - Estabelecer taxas de juros por lei é uma estultice (tolice) inexcedível. A classe política e o governo conseguiram administrar, neste primeiro semestre, uma elevação da taxa de governabilidade. E aprovar os 12% significaria dar um sinal na contramão desta conquista.
Folha - Qual seria o efeito da eventual aprovação do projeto?
Kandir - Não há dúvida de que o presidente iria vetar o projeto. Então, não haveria nenhum caos. Mas haveria um profundo golpe nas expectativas, que poderia prejudicar as condições já criadas para reduzir as taxas de juros.
Seria um tiro pela culatra, ao invés de baixar os juros. Os investidores poderiam começar a retirar dinheiro do país.
Folha - O sr. também critica as altas taxas de juros?
Kandir - Pagamos um preço muito caro por dois fatos: a crise mexicana e os problemas das mudanças cambiais em março.
Folha - Qual é a alternativa para a política de juros altos?
Kandir - O espaço está criado para a redução das taxas. É isso que deve ser feito pelo governo ao longo do segundo semestre, à medida que a economia for desindexada.

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