São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Ex-refém brasileiro vai voltar à Bósnia

ROGÉRIO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A ZAGREB

O capitão João Batista Bezerra Leonel Filho, 33, mantido como refém pelos sérvios da Bósnia-Herzegóvina por 13 dias, volta hoje ao trabalho com mais preparo e tranquilidade.
Depois de visitar a Alemanha e a Itália em seu período de folga, Leonel recebeu a Folha ontem no apartamento alugado pelos observadores militares brasileiros em Zagreb, a capital da Croácia.
O capitão do Exército afirmou que a situação que viveu lhe deu muita experiência e segurança para voltar a trabalhar na região de Sarajevo, a capital da Bósnia.
Leonel disse ainda que ficou mais tranquilo depois que os últimos reféns, entre eles o brasileiro Harley Alves, foram libertados. "Eu me sinto bem melhor agora que o pessoal foi todo solto."
Ele ficou sabendo da libertação do último grupo na terça-feira, quando ligou, do aeroporto de Roma, para sua família no Brasil.
Logo que chegou ao seu apartamento, acompanhado de outros dois observadores brasileiros com quem havia viajado, Leonel se encontrou com o capitão do Exército Brasileiro Harley Alves.
Foi o primeiro encontro dos dois ex-reféns brasileiros desde que eles foram detidos pelos sérvios. "Nós batemos papo, foi uma felicidade muito grande", afirmou Leonel.
O capitão disse que as viagens que fez foram boas para que ele se distanciasse da experiência como refém, mas o ambiente militar o acompanhou durante a folga.
"Nesta ida à Itália, nós fomos ao lugar onde lutou a FEB (Força Expedicionária Brasileira, que combateu a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial)."
Leonel se preparava ontem para voltar à Bósnia. À tarde, comprou uma mala e objetos de uso pessoal para substituir o material que ficou retido em seu posto.
A partir de hoje, Leonel está à disposição do comando das Nações Unidas para voltar à capital bósnia. A data do retorno ainda não está definida.
Sua ida a Sarajevo poderá demorar alguns dias, porque as entradas da cidade estão fechadas pelas tropas sérvias e bósnias. "Está tudo fechado para chegar lá. O problema todo é uma questão de transporte", disse.
O capitão brasileiro será incluído numa lista de espera de observadores e soldados da ONU que aguardam para voltar a Sarajevo.
Como a ONU retirou todo o seu pessoal do território sob controle sérvio, Leonel não voltará imediatamente ao mesmo posto que ocupava, nos arredores da capital.
Enquanto as Nações Unidas não decidirem enviar seus soldados e observadores de volta à área sérvia, Leonel ficará trabalhando no quartel da ONU, dentro da cidade de Sarajevo.

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