São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Praga recebe 70 milhões de turistas por ano

ROBERVAL SCHINCARIOL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Praga foi invadida novamente. Cinco anos depois de libertar-se de seu último opressor, o comunismo, a capital da República Tcheca, conhecida por sua beleza única e por sempre ter sido ocupada por forças estrangeiras, se vê tomada por um novo invasor: o turista.
Praga recebe cerca de 70 milhões de turistas por ano. O equivalente a 60 vezes a sua população, de 1,2 milhão de habitantes.
Eles estão em toda a parte. Em suas praças monumentais, igrejas e catedrais milenares e, principalmente, na ponte Charles.
Há quem diga que essa nova invasão tirou a sedução dos tempos em que a cidade recebia ordens da extinta União Soviética.
Mas, para quem a conhece pela primeira vez, Praga não poderia ser mais encantadora e, o que é melhor, acessível.
Comece sua viagem onde todos começam: na ponte Charles. Esse caminho de pedestres que corta o rio Vlatva e une as duas partes da cidade é o símbolo do lugar.
Mais movimentada que o viaduto do Chá, no centro de São Paulo, ela é ponto de encontro de turistas do mundo inteiro.
A praça São Wenceslau, só para dar uma dica, une dois predicados: beleza e história. Foi ali que, durante o inverno de 1989, estudantes e trabalhadores começaram um movimento contra a opressão.
Discursos, passeatas e demonstrações culminaram na ``Revolução de Veludo", tirando das mãos de Moscou o poder comunista sobre a antiga Tcheco-Eslováquia.
Mas tantos anos de opressão deixaram marcas, principalmente longe dos olhos dos visitantes.
No final de qualquer linha do metrô chega-se ao subúrbio, onde o poder comunista realizou seu sonho da casa própria. São os chamados ``panelaks".
Pessoas, principalmente ciganos de origem romena, vivendo em prédios retangulares, mais parecidos com os nossos cortiços.
Como o personagem Gregor Samsa, do escritor tcheco Franz Kafka, Praga encara uma metamorfose e enfrenta sua herança.
Hoje, não mais como capital de uma região satélite da ex-União Soviética, mas como centro de poder de um país que acaba de recomeçar: a República Tcheca.
Cabe à democracia, agora, provar que a cidade pode ser muito mais do que um rostinho bonito.

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Sobre Praga nas págs. 6-13 e 6-14

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