São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 1995
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Caracalla investe nos ambientes artificiais

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Restaurantes de edifícios de flat com decorações temáticas costumam assustar. Dentro daquele ambiente impessoal de hotel, cai-se de repente num cenário em tudo artificial. Como no Terme di Caracalla.
Neste caso, do estacionamento passa-se a um bar guardado por uma estátua ``romana".
Na sala seguinte, a decoração imita os mármores que evocam as termas de Caracalla - os banhos públicos romanos construídos no século 3, hoje mais conhecidos dos brasileiros por serem cenário de shows operísticos populares.
Tanto diversionismo pode atrapalhar a atenção sobre a comida, que a princípio é o motivo pelo qual as pessoas se dirigem para lá.
O restaurante já funciona há um ano, montado por uma equipe de profissionais do ramo. Arsenio Morgado, português de 62 anos, trabalha nesta área há quatro décadas. Com o paulista José Espindola, 52, e o genro Ronaldo Martinez, 38, tem casas bem diferentes, do La Rochelle dos Jardins ao pequeno O Forno, do Itaim, passando pelo popular Jangada, da Lapa.
Chamados pelos construtores do edifício a assumir o restaurante, se uniram a Edgar Malouf, 40, e ao proprietário da cantina Sesto, do Paraíso. Este já se retirou da sociedade, mas foi dele a inspiração de dar ao restaurante a cara atual, do nome à decoração decorrente.
Embora escondido no prédio, a casa atrai um público que não se restringe aos hóspedes do flat (que ainda são a maioria).
Sua sala menor -a marmorizada- chega a ficar animada à noite, com piano ao vivo. A comida tem sabores padronizados, com molhos mais leves quando acompanham as massas e mais carregados quando se trata de carnes.
Este perfil despersonalizado, de ``comida de hotel", fica evidente no festival de lagostas em curso: todos os pratos levam molhos cremosos e pesados -não há chance de experimentar o crustáceo somente grelhado ou cozido, só aromatizado com ingredientes leves.
Entre as massas frescas, o ravioli de palmito merecia um recheio mais elaborado, mas não peca no seu molho de tomate. Já os cappelletti de atum, de massa delicada, poderiam ter seu molho (feito de ervas secas) suavizado.
O cardápio oferece também pescados, como os camarões com frutas ácidas; polenta (com ensopado de frutos do mar ou uma macia vitela); e o filé batido com molho de sálvia e pimenta verde.
A carta de vinhos não é muito variada, mas tem uma opção de meia garrafa (o Grão Vasco da Sogrape) e alguns bons preços, como um Marquês de Casa Concha, chileno, por R$ 11.

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