São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Governo investiga o tráfico em Cumbica

GILBERTO DIMENSTEIN; RUI NOGUEIRA

Receita Federal troca chefe da alfândega após ser informada pela PF que cocaína e armas passam pelo aeroporto
GILBERTO DIMENSTEIN *
Diretor da Sucursal de Brasília
A Receita Federal decidiu trocar o comando da alfândega do Aeroporto Internacional de Cumbica. A decisão, tomada ontem pela manhã, foi provocada por relatórios confidenciais que indicam Cumbica como rota de tráfico de grandes quantidades de cocaína e armas.
Os textos sigilosos foram produzidos pela Polícia Federal, órgão subordinado ao Ministro Nelson Jobim (Justiça). Há dois meses, Jobim determinou uma operação em aeroportos internacionais.
O diagnóstico da PF é de que os maiores problemas se concentram em Cumbica. Mas há fragilidades também no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio.
Na próxima semana, os ministérios da Aeronáutica, Justiça e Fazenda discutem a mudança das normas que regulam os aeroportos para tentar reforçar a fiscalização.
Após ler os relatórios da PF, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, decidiu nomear para a chefia da alfândega uma pessoa de sua confiança.
Maciel afastou Aramis da Graça, que ocupava o posto há cerca de oito anos. Nomeou para o cargo Flávio Del Comuni, funcionário de carreira da Receita.
Não há, até o momento, nenhuma acusação formal contra Aramis da Graça e sua equipe. Maciel decidiu, porém, promover uma investigação em Cumbica. Daí ter preferido a troca de comando.
Procurado pela Folha entre 18h e 20h de ontem, Graça não foi encontrado. A assessoria da Receita em São Paulo não soube informar onde ele se encontrava.
Ontem, Maciel preferiu não se manifestar sobre os rumores de irregularidades em Cumbica. Limitou-se a afirmar, porém, que trocou a chefia da alfândega porque precisava de alguém de sua confiança num cargo que considera estratégico na Receita.
Relatórios do Departamento de Estado do governo americano e da ONU apontam o Brasil como país de crescente destaque no tráfico de cocaína para a Europa.
A orientação dada ao novo chefe da alfândega é investigar os procedimentos, modificar o esquemas de fiscalização e, se necessário, trocar os funcionários.

* Colaborou RUI NOGUEIRA, da Sucursal de Brasília.

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