São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Visita a presos é suspensa em Hortolândia

ROBERTO CARDINALLI e SARA SILVA *

ROBERTO CARDINALLI; SARA SILVA
DA FOLHA SUDESTE

A nova direção da Casa de Detenção de Hortolândia (115 km a noroeste de SP) suspendeu as visitas aos presos programadas para este fim-de-semana temendo a entrada de novas armas no presídio por deficiências na segurança.
Com apenas 10 agentes controlando cerca de 700 detentos, o diretor de Disciplina, Miguel Clemente do Carmo, preferiu cancelar as visitas. ``A segurança interna pode ficar comprometida", disse.
Uma tentativa de fuga, seguida de rebelião, começou na terça-feira e durou mais de 25 horas. Deixou 6 mortos e mais de 30 feridos.
É a primeira vez em sete anos que a visita é cancelada na Casa de Detenção. Os carcereiros continuam parados no Complexo Penitenciário. Eles mantêm pelo menos 30% dos funcionários trabalhando.
Segundo o sindicato dos agentes penitenciários de São Paulo, há greve da categoria em 18 presídios do Estado. Reivindicam segurança nos presídios, protestam contra a morte de agentes no motim em Hortolândia e pedem aumento.
Ontem, uma comissão de agentes se reuniu com o secretário de Justiça e Administração Penitenciária, Belisário do Santos Júnior, para discutir os pedidos. A reunião não havia terminado até as 19h.
Nas demais penitenciárias que compõem o complexo de Hortolândia -Penitenciárias 1 e 2 e o presídio Ataliba Nogueira (agrícola, de regime semi-aberto-, a definição da entrada de familiares só vai ser decidida amanhã.
Segundo um agente que não quis se identificar, o cancelamento da visita pode aumentar a tensão nos pavilhões A e B na Casa de Detenção. ``Qualquer incidente pode detonar uma nova rebelião."
Os presos estão trancados nas celas há três dias. O banho de sol, período em que os detentos ficam livres no pátio, foi suspenso.
A possível entrada de armas no presídio é a maior preocupação dos diretores para cancelar as visitas. Os líderes da rebelião estavam com três revólveres calibre 38.
Segundo o diretor de Disciplina do presídio, algumas mudanças deverão ser efetuadas no sistema de revista. ``Ainda estamos estudando os pontos que deverão ser atacados", afirmou Carmo.
Agentes penitenciários afirmam que veículos de fornecedores, advogados dos presos e pastores evangélicos não são revistados. A polícia vai apurar essa denúncia.

* Colaborou a Reportagem Local.

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