São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Impacto na inflação será mínimo, diz Malan

DA REPORTAGEM LOCAL

A desvalorização do real frente ao dólar, feita na última quinta-feira pelo Banco Central, terá um efeito mínimo nos preços.
A avaliação é do ministro da Fazenda, Pedro Malan, que esteve ontem em São Paulo.
Segundo ele, um número muito grande de empresas já estava operando nos seus custos com uma taxa de câmbio de R$ 0,95 ou R$ 1. ``Os preços não baixaram quando o câmbio se valorizou e não há razão para que subam agora."
Malan disse que, desta vez, o ministro da Economia argentino, Domingo Cavallo, não foi avisado previamente da mudança no câmbio. ``Ele foi avisado posteriormente", afirmou.
A razão é que, quando o governo mudou o câmbio em março, o ministro Cavallo disse ao presidente do Banco Central que não via problemas, desde que a paridade não fosse acima de um.
Desta vez, de acordo com Malan, o governo não viu necessidade de uma comunicação prévia.
Para o ministro, a mudança da relação entre o real e o dólar foi tranquila e a vida do cidadão brasileiro não será afetada com isso.
Segundo ele, a mudança é um ajuste e o governo já havia sinalizado que, em algum momento, mexeria na banda. Portanto, acredita o ministro, não há motivos para sobressaltos.
``O que se tem hoje é a continuidade da política cambial que já vínhamos tendo", afirmou Malan.
O ministro não quis detalhar os motivos do ajuste, como os déficits consecutivos na balança comercial (importações maiores que exportações).
Esclareceu, no entanto, que não é possível ajustar a balança só com o desaquecimento da economia. Neste caso, o país seria levado a uma recessão brutal, disse.
Malan disse que também não se pode fazer um ajuste só pelo câmbio. Motivo: neste caso, o ajuste seria de tal ordem que inviabilizaria a estabilidade econômica. Segundo o ministro, o ajuste tem que ser temperado pelos dois lados.
O ministro disse que a expectativa do governo com relação à balança comercial é de terminar o ano de 1995 com superávit. Segundo ele, é prematuro dizer de quanto seria esse superávit.
Parâmetro
Malan disse que o parâmetro que os exportadores devem ter para o câmbio, daqui para frente, é observar o mercado.
Ney Castro Alves, presidente da Adeval (Associação das Distribuidoras de Valores), disse que o governo ajustou o câmbio para ajudar o desempenho da balança comercial.
Para Castro Alves, a mudança beneficia principalmente a agricultura, que estava prejudicada pela taxa de câmbio desfavorável e pelos juros altos.

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