São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Para Fipe, novo câmbio traz aumento de preços

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O impacto nos preços da mudança na cotação do dólar -que pode chegar a valer até R$ 0,99- divide os analistas do setor.
Para Juarez Rizzieri, diretor-presidente da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), esta mudança deverá ser seguida por aumentos de preços capazes de pressionar a inflação.
``Mudança no câmbio só tem um sinal, que é o aumento da inflação", diz Rizzieri.
Para ele, a mudança do câmbio deve trazer mais impacto nos setores que dependem diretamente da importação, como farmacêutico, têxtil e químico.
Rizzieri afirma que o impacto da valorização do dólar depende também de como os salários vão se comportar com o fim da desindexação.
``Se houver queda do salário real, o impacto na inflação poderá não ter sustentação", diz.
Já na análise do governo, a valorização do dólar (que traz como consequência o encarecimento das importações) ``não deve trazer impacto nos preços" internos.
José Milton Dallari, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, afirma que o governo já estudou o comportamento dos preços com a medida. ``O impacto será bem pequeno, como ocorreu na primeira operação de desvalorização do real."
Mailson da Nóbrega, atualmente sócio da MCM Consultores, afirma que a desvalorização do real foi ``discreta, com efeito zero ou desprezível" nos preços.
A análise de Mailson baseia-se, primeiro, no fato de que a economia brasileira não estar mais tão indexada quanto no passado.
``A propagação dos aumentos de preços não ocorre mais como antigamente, quando qualquer custo extra era repassado aos preços, alimentando a inflação", diz.
Mailson afirma, ainda, que os bens de consumo importados têm ``margens de lucro generosas", que podem, perfeitamente, absorver o reajuste do dólar.
``Muitas empresas vão arcar internamente com os efeitos da desvalorização do real."
Para o ex-ministro, o consumo em queda é outro fator que dificulta o repasse de preços.
Paulo Feijó, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), afirma que a desvalorização do real não deve ter impacto nos supermercados.
Segundo ele, os importados representam apenas 2% do total de vendas e seus preços devem continuar competitivos, mesmo com a mudança cambial.

Colaborou a Sucursal do Rio

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