São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Dorothéa insiste em restrições à importação

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia após o ministro Pedro Malan (Fazenda) afirmar que o sistema de cotas de importação será adotado só para o setor automotivo, a ministra Dorothéa Werneck (Indústria, Comércio e Turismo) voltou a defender restrições à entrada de produtos têxteis no país.
``As medidas que podem ser tomadas, como regime de cotas ou aumento de tarifas, estão previstas na legislação. Isto não tem nada a ver com retrocesso na abertura da economia", disse a ministra.
Malan dissera anteontem, em Recife (PE), que ``não é legítimo" considerar que as cotas possam ser adotadas em outros setores.
Dorothéa declarou ontem, porém, que a restrição às importações de produtos têxteis teria o objetivo de defender a indústria nacional contra práticas internacionais de ``dumping" (venda abaixo do preço de custo) e subsídios (incentivos concedidos pelos governos estrangeiros).
A ministra recebeu ontem representantes do setor de matérias-primas para continuar discutindo a regulamentação da MP (medida provisória) que irá criar um regime automotivo comum com a Argentina no próximo ano.
Superávit
Segundo Dorothéa, o governo trabalha com a expectativa de que as exportações ultrapassarão as importações em cerca de US$ 2 bilhões no final deste ano.
Segundo a ministra, a mudança da política cambial irá se refletir positivamente na balança comercial. Isso porque, de acordo com ela, haverá uma remuneração mais atraente para as vendas no mercado externo e, ao mesmo tempo, uma diminuição de ganhos para os importadores.
``O superávit não será de US$ 5 bilhões (conforme as previsões da equipe econômica no início do ano) porque as importações cresceram demais", afirmou Dorothéa Werneck.
A balança comercial deverá registrar, neste mês de junho, seu oitavo déficit (resultado negativo) consecutivo. De janeiro a maio, o saldo comercial negativo já soma US$ 3,4 bilhões.
Para obter o superávit anunciado pela ministra, a balança terá que registrar saldos positivos de cerca de US$ 1 bilhão ao mês no segundo semestre. Em maio, o déficit foi de US$ 690 milhões.
Dorothéa disse, no entanto, que a alteração no câmbio não irá se refletir imediatamente nos resultados da balança. ``Obviamente, a variação não é de uma hora para outra", ponderou.

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