São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Com tanto índio, juiz esconde o apito!

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, quem demarcará as terras indígenas hoje no jardim suspenso? O Índio do Palmeiras ou o Índio do Guarani? Índio no Guarani? Não é falta de imaginação, não?
Com tanto índio em campo, o juiz terá que esconder o apito. Do apito para o pito: o Palmeiras precisa de um bom resultado para não ficar na bronca da Mancha.
O Palmeiras aposta na sua dupla de importados usados, o 38 e o 39. Muller e Nílson. E põe o Mancuso, aquele que escapou das cotas de importação da Argentina, para correr atrás do piá Djalminha.
E o Djalminha é abusado: não tem o menor respeito pela camisa três do Palmeiras. Aquela que foi do seu pai, o grande Djalma Dias (a alegria é você, zagueiro, como canta o muito Ben Jor).
Lembro que na Copa de 66 o Brasil foi para a Inglaterra deixando aqui o Carlos Alberto (Santos), o Djalma Dias (Palmeiras) e o Roberto Dias (São Paulo): uma defesa para capítulo de enciclopédia.
A coisa está mais feia para o alviverde da capital porque 1) o Roberto ``Eu Sou Terrível" Carlos, em fase de brasa mora, se mandou para os braços do Zagallo e 2) o Guarani dá sorte na taba daqui.
O Palmeiras tem um homem-chave: a centopéia Rivaldo. O Carlos Alberto Silva precisa colocar em prática toda a sua ética para criar um espaço para ele, que pode definir o jogo.
Já o mestre Telê terá que levar toda a sua experiência para superar o surpreendente neocarrossel nordestino do interior do Estado, com sotaque uruguaio, ufa!
O MM fez um boa estréia na divisão maior do Paulista contra o Palmeiras. Tem um time ousado e prometeu bons jogadores, como Lino e Valdo (este, executou um pênalti com rara categoria).
E, alô, alô, Ribeirão do regional novinho em Folha. Minha canção há de brilhar na noite de uma cidade do interior, como brilha a estrela Daúde na canção do Caetano para o clip da MTV rock & gol.
E alô, alô Ribeirão, avisa lá, avisa lá que eu vou. Dizem que o pinguim já está em dúvida: não sabe se é preto e branco pelo Santos ou preto e branco pelo Corinthians. Na dúvida, garçom, mais um!
E se Ribeirão é a Califórnia paulista, o estádio Santa Cruz será o nosso Rose Bowl. A sede da final. Da sede para a sede. Garçom, mais um! Ribeirão está em clima de romance do Ciro dos Anjos:
Um chope a mais encerra uma solução geral. Garçom...!
O grande teste: ver como se comporta o Corinthians sem a cadência das marchas do Souza. Já que o Santos terá o mozartiano Don Giovanni. O futebol é uma parada, o futebol é uma ópera. Prima!
E o Ribeirão corre para o Rio: alô, alô, Maraca, amanhã será o primeiro dia do resto da sua vida. O futebol renasce aos pés do Cristo Redentor.
Como o Viola renasceu no bico da chuteira, seja ela golden, red ou purple. E eu sou louco por ti, Copa América!

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