São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995 |
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Relançamento atesta declínio de Tim Maia
LUIZ ANTÔNIO RYFF
Oito CDs da década de 70, seu período áureo, foram relançados pela PolyGram há dois anos. Mal e porcamente, é verdade, com capas mudadas, sem ficha técnica ou qualquer outra informação e sem a autorização de Tim, que está processando a gravadora. Agora é a vez da Continental relançar 10 CDs do cantor, além de um inédito, ``Nova Era Glacial". O relançamento atual tem o aval de Tim. Não quer dizer muita coisa. A maioria dos CDs foi gravada nos anos 80 e 90 e mostram a decadência artística do cantor. O vozeirão continua irrepreensível, o repertório, entretanto, é sofrível. As letras nunca foram lá essas coisas. Continuam ruins. Mas o principal atrativo de sua música, o balanço, perdeu-se em algum lugar entre o Leme e o Pontal. Atualmente, o cantor vive dos antigos sucessos, regravando velhos hits, seus e dos outros, em arranjos modernosos piorados. É o caso de ``Nova Era Glacial", que traz um amontoado de versões, entre as quais, ``Oceano", de Djavan, ``Corcovado", de Tom Jobim -em inglês-, e ``Vale Tudo", do próprio Tim. Três discos se salvam no bolo: ``Sossego" (78), que tem ótimos momentos dançantes, como ``A Fim de Voltar", ``Acenda o Farol" e ``Sossego"; ``Tim Maia ao Vivo" (92), com os hits do passado; e ``Nuvens" (82), que mantém o estilo soul que o consagrou. A principal curiosidade da coleção é ``Tim Maia em Inglês" (78), recheado de baladas em inglês que não desapontam. ``Dance Bem" (90) também não é de todo mau, com várias músicas balançantes, como ``Vale Tudo". O resto dos discos é para ser atirado longe com todas as forças. É um desfile de romantismo brega pontuado por baladas insossas. ``Tim Maia" (86), por exemplo, tem a pavorosa ``Telefone", que começa com um diálogo no dito cujo. Desde a década de 80, Tim esqueceu que é o maior cantor de soul do Brasil e resolveu ser intérprete de canções românticas. Arquivou o passado e gravou até coisas da dupla Sullivan e Massadas. Sua produção recente atesta que, atualmente, é melhor ouvir sua voz ao vivo do que em disco -a despeito de um ou outro bate-boca do cantor com os operadores de som durante os shows. Lamentavelmente, apesar de seu talento inequívoco, nos últimos anos Tim é mais conhecido pelo folclore pessoal do que por seus dotes artísticos. Ouvindo esses discos não é difícil entender por quê. Discos: ``Tim Maia em Inglês", ``Sossego", ``Nuvens", ``Tim Maia", ``Somos América", ``Carinhos", ``Dance Bem", ``Tim Maia Ao Vivo", ``Tim Maia", ``Voltou Clarear", ``Nova Era Glacial" Artista: Tim Maia Gravadora: Continental Quanto: R$ 18 (o CD, em média) Texto Anterior: Chorões lutam pelas formas mortas Próximo Texto: Fowle era fotógrafo à maneira clássica Índice |
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