São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Chanceler britânico renuncia ao cargo

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Douglas Hurd, 65, renunciou ao cargo ontem de manhã em Londres.
Hurd anunciou seu afastamento do governo um dia depois que o premiê John Major renunciou à liderança do Partido Conservador e convocou eleições no partido para a escolha de um novo líder.
Major será novamente candidato ao posto e, se vencer, continua primeiro-ministro.
A eleição é sua última tentativa de afirmar a liderança no Partido Conservador, fortemente questionada nos últimos dias, especialmente pelos "eurocéticos" -grupo contrário a uma maior integração do Reino Unido com a União Européia (UE).
Há seis anos à frente do Ministério das Relações Exteriores, Hurd presenciou o colapso dos regimes comunistas do Leste Europeu e a Guerra do Golfo.
O ministro disse que sua saída não tinha relação com a renúncia de Major, mas especula-se que ela tenha sido motivada por um acordo entre ele e o premiê.
Segundo essa versão, a saída de Hurd, favorável à integração européia, abriria espaço para o primeiro-ministro negociar o apoio dos "eurocéticos" a sua candidatura.
Em troca, um dos parlamentares do grupo poderia ocupar o Ministério das Relações Exteriores.
Os acontecimentos de ontem mostraram mais uma vez a profunda divisão existente dentro do Partido Conservador em relação à UE.
Os "eurocéticos" dizem que a criação de uma moeda única européia, prevista para 1999, representa uma ameaça à soberania do Reino Unido e exigem a imediata exclusão do país do processo.
Já os parlamentares pró-Europa dizem que o futuro do Reino Unido depende da união. Defendem que o país ocupe um lugar central no debate sobre a integração.
Major visitou ontem uma escola no distrito de Huntingdon, perto de Londres. Recusou-se a especular sobre seus possíveis adversários e, questionado sobre as chances de vitória, respondeu: "Sim, eu vou ganhar".
Major conseguiu ontem o apoio de sua antecessora, a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher. "Apóio integralmente o primeiro-ministro", disse Thatcher.
Uma das causas que levaram à renúncia do premiê foram críticas da própria Thatcher, em que ela o acusava de abandonar o "verdadeiro caminho conservador".

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